Fundos captam R$ 5 bi em março

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A alta persistente dos juros nos últimos 12 meses, que vinha prejudicando a captação dos fundos de investimento, voltou a beneficiá-los. Pela primeira vez desde agosto, os fundos mostraram captação líquida mensal positiva em março, de R$ 5,14 bilhões. No trimestre e no ano, as perdas ainda persistem: R$ 3,30 bilhões e R$ 15,32 bilhões, respectivamente.

Os números divulgados ontem pela Anbima mostram que os fundos da categoria renda fixa — que têm, disparado, o maior patrimônio do mercado, com R$ 721 bilhões — voltaram a captar em março depois de longo e tenebroso inverno. Isso pode ser um sinal de que os investidores estão acreditando na estabilidade dos juros e da inflação, já que essas carteiras aplicam em papéis prefixados, operações de crédito e títulos corrigidos por índices de preços. “No ano passado, esses fundos sofreram muito com a ‘marcação a mercado’ dos papéis em carteira, depois que a inflação e os juros começaram a subir nos mercados futuros”, lembra Takahashi. Agora, a situação deve se inverter.“Não dá para afirmar categoricamente que é uma tendência, mas é um retrato positivo. Agora que o patamar das taxas de juros está mais claro e que a volatilidade está menor, os fundos devem voltar a atrair recursos”, diz Carlos Takahashi, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O executivo refere-se especialmente a produtos de renda fixa, que reúnem liquidez e rendimentos atraentes.

Apesar do retorno dos investidores em março, essa categoria registra saques líquidos de nada menos do que R$ 61,9 bilhões nos últimos 12 meses. Já os de curto prazo e os DI — que não sofrem tanto com alta dos juros e da inflação, pois aplicam em papéis pós-fixados — captaram parte dessas saídas: R$ 2,69 bilhões e R$ 25,55 bilhões, respectivamente, no mesmo período. 

A rentabilidade dos renda fixa foi de 8,23% em 12 meses, abaixo dos 8,95% dos curto prazo e dos 9,10% dos DI. Mas em março também essa curva se inverteu, com o ganho dos renda fixa passando à frente: 2,67%, ante 2,40% dos de curto prazo e 2,44% dos DI.

O patrimônio líquido total dos fundos fechou o trimestre em R$ 2,489 trilhões. A saída de recursos no primeiro trimestre é totalmente atípica, já que sazonalmente é um período quando ocorrem as maiores captações. Em 2011, 2012 e 2013, a captação líquida foi positiva acima de R$ 60 bilhões.

Takahashi acredita que a procura por renda fixa devido a uma rentabilidade maior e busca por liquidez vai continuar; e que a captação de produtos previdenciários, que sofreu muito com a volatilidade no ano passado, volta a ser expressiva — em março, foi a segunda categoria que mais captou (R$ 1, 79 bilhão).

O executivo também acredita na recuperação dos fundos de renda variável, que tiveram um ano muito difícil em 2013, com muita volatilidade e queda de mais de 15% da Bolsa. “Temos uma agenda pela frente em que a volatilidade vai continuar. Os grandes volumes de alocação sempre estiveram em produtos que seguem os índices, os fundos de gestão passiva. O investidor vai ter que passar a olhar para outro lado, garimpar oportunidades na gestão ativa. Esse é o grande desafio”.

Os fundos de ações registram perdas de R$ 8,12 bilhões em 12 meses, dos quais R$ 2,17 bilhões em março. O rendimento , contudo, foi positivo em sete das subcategorias de fundos de ações em março. Embora a estabilização dos juros no patamar acima de 10% melhore a competitividade dos fundos perante a poupança, Takahashi diz que ainda não há dados que mostrem uma migração. “A poupança deve continuar surfando na onda da procura por segurança”, afirma.

Alta do juro deixa poupança menos atraente

A elevação da taxa Selic para 11% ao ano continua a desestimular quem guarda dinheiro na poupança. De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a alta dos juros básicos tornou mais atrativos os fundos de investimento, apesar de a poupança não pagar impostos nem taxas de administração.

Segundo a Anefac, apenas nos casos em que os fundos de investimento cobram altas taxas de administração, a partir de 3% ao ano, a poupança torna-se mais vantajosa. Para taxas de 2,5% ao ano para cima, a caderneta só rende mais que os fundos em aplicações de até um ano. Com o novo nível da taxa Selic, uma aplicação de R$ 10 mil na poupança rende 6,55% ao ano, o que representa rendimento de R$ 655 ao fim de 12 meses. No mesmo prazo, a quantia rende de R$ 693 (com taxa de administração de 2% ao ano) a R$ 834 (com taxa de administração de 0,5% ao ano) aplicada em fundos de investimento. 

 

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