Mercado de pagamento móvel no horizonte

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A nova fronteira de negócios aberta pela Apple na semana passada com o lançamento do iPhone 6 — a dos pagamentos móveis — serviu mais uma vez para dividir o mercado de smartphones. Com o anúncio do Apple Pay, a companhia californiana passou a ser a única entre as quatro maiores fabricantes de smartphones no mundo a contar com um serviço próprio de pagamento via celular. Primeira no ranking, a sul-coreana Samsung estuda sua entrada no segmento. Já a chinesa Lenovo não tem planos de entrar no mercado de pagamentos móveis. Outra chinesa, a Huawei, não comentou o assunto, por falta de um porta-voz disponível.

O Apple Pay estará disponível inicialmente nos Estados Unidos, a partir do próximo mês. Para alavancar o uso do serviço, a empresa se associou às três principais bandeiras de pagamento do mercado norte-americano: American Express, MasterCard e Visa, permitindo de uma só tacada englobar até 83% do volume de compras com cartões de crédito feitas nos Estados Unidos. “Faz sentido a Apple investir em pagamentos móveis porque a empresa tem de rentabilizar sua carteira. Não pode depender apenas do device (dispositivo). É parte de uma lógica de usar o celular para tudo”, justifica Carina Gonçalves, analista de pesquisa de Telecomunicações da consultoria Frost & Sullivan. 

Ao fim do segundo trimestre deste ano, a fatia da Apple no mercado global de smartphones era de 11,9%, um recuo em relação aos 13% registrados entre abril e junho do ano passado, segundo resultados preliminares do relatório “Worldwide Quarterly Mobile Phone Tracker”, da consultoria IDC. Mesmo assim, a empresa sediada em Cupertino, na Califórnia, se manteve na segunda posição na lista dos maiores fabricantes, atrás apenas da Samsung. A gigante sul-coreana avalia no momento um modelo de negócios que garanta a rentabilidade no segmento de pagamentos móveis. “Há muitos players nesse mercado. E cada um quer um pedaço da receita: operadoras, bandeiras de pagamentos, fabricantes de aparelhos…”, listou Roberto Soboll, diretor de Produto da área de Dispositivos Móveis da Samsung Brasil, na semana passada, quando esteve em Berlim, na Alemanha, para participar da feira de eletrônicos IFA. 

Na tentativa de dar massa crítica ao novo serviço, a Apple anunciou, também, o apoio de pesos pesados do varejo norte-americano, como Walgreens, Bloomingdale’s e Macy’s, além das redes de alimentação Subway e McDonald’s. Na verdade, a lista é bem mais ampla. O Apple Watch — relógio inteligente que também poderá ser usado como ferramenta de pagamento — funcionará em mais de 220 mil estabelecimentos comerciais espalhados pelos Estados Unidos. A tecnologia utilizada será a de comunicação por campo de proximidade (NFC, na sigla em inglês). Com o NFC, o usuário precisa apenas aproximar seu dispositivo de outro compatível para realizar a troca de informações, que pode ser um pagamento, por exemplo. 

“A Apple pegou o ecossistema de pagamentos já existente e tornou-o mais simples e seguro”, resume Bruce Dragt, líder global de E-commerce da americana First Data, parceira da Apple no novo serviço de pagamentos móveis da empresa. “A Apple abriu a porta para outros fabricantes de celulares e instituições”. A estimativa da Frost & Sullivan é de que, em 2019, o total de usuários cadastrados em serviços de pagamentos móveis no Brasil alcance o patamar de 87,6 milhões de consumidores. A possibilidade de usuários de diferentes operadoras e celulares realizarem operações entre si é vista como crucial pela analista da Frost & Sullivan. “Esperamos que todas as iniciativas desse tipo se tornem massivas e interoperáveis”, diz Carina. Ela lembra que a bandeira Cielo já conta com 1,8 milhão de máquinas do tipo POS (usadas para efetuar pagamentos com cartões de crédito e débito) habilitadas para uso na tecnologia NFC.

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