Rio – Após vencer a eleição e conseguir mais quatro anos no Planalto, Dilma Rousseff (PT) terá que dar atenção especial à economia e não deverá esperar 2015 para fazer mudanças prometidas durante a campanha. De acordo com especialistas, a equipe econômica da presidenta precisa concentrar esforços para começar com o ajuste fiscal ainda este ano.
O governo enfrenta grande dificuldade em cumprir a meta de superávit primário de R$ 99 bilhões este ano, equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). De janeiro a agosto, a economia para o pagamento de juros da dívida pública ficou em apenas 0,94% do PIB, o que acendeu o sinal amarelo para o descumprimento da meta.
“É provável que a política fiscal seja o foco da presidenta já a partir da próxima semana. O governo deixou a desejar nesse setor quando aumentou os gastos discricionários com investimentos, mas agora o jeito é arrumar a casa. Nesse sentido, o governo terá que criar uma trajetória mais benigna da máquina pública, especialmente visando a queda dos juros. Além disso, esta é a única maneira de atrair os investimentos da iniciativa privada para retomar o crescimento”, analisa o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.
Bruno Fernandes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acredita que o primeiro passo do governo deverá ser a contenção de gastos para reverter resultados negativos do superávit primário. “A equipe econômica precisa controlar os gastos e reverter os resultados ruins do superávit primário. O governo vai adotar, certamente, medidas mais austeras para conseguir cumprir a meta fiscal”, destacou o economista, para quem as atenções do governo em 2015 deverão estar concentradas no controle da inflação e na geração de emprego.
De acordo com a CNC, a inflação ainda será problema para a economia do país, o que deverá obrigar o Banco Central a continuar com a política dos juros mais elevados. “Os preços administrados devem ser os vilões e pressionar a inflação no próximo ano. Sendo assim, o governo precisará de foco para evitar problemas com a alta dos preços e possível desrespeito à meta. Nesse cenário, acredito que o BC poderá continuar com a política observada neste ano, mas, inicialmente, trabalhará com a manutenção da Selic”, diz.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central optou por manter os juros básicos da economia brasileira estáveis em 11% ao ano. Na ocasião, foi a terceira manutenção seguida da taxa Selic, que continua no maior patamar desde o fim de 2011.
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) se manifestou em relação à reeleição de Dilma. Segundo seu presidente, José Ricardo Roriz Coelho, o governo deve recolocar o país no caminho da competitividade industrial. “A presidente Dilma Rousseff, neste segundo mandato, terá o desafio extra de despertar credibilidade suficiente para realização dos ajustes necessários para gerar competitividade e iniciar novo ciclo de crescimento a partir de 2017. Necessitamos urgentemente de mudanças profundas nas políticas fiscal, industrial e comercial. A reforma tributária é urgente para reduzir impostos e simplificar processos”, destaca.
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