A perspectiva de fluxo positivo para o Brasil, com o ingresso de recursos de captações de empresas brasileiras no exterior e para investimento em portfólio, e o cenário de menor aversão a risco continuam sustentando a queda do dólar frente ao real. Ontem a moeda brasileira voltou a liderar os ganhos entre as divisas emergentes. Além disso, a queda da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais e a atuação do Banco Central no câmbio, por meio das rolagens de contratos de swap, também contribuíram para que o movimento de desvalorização da moeda americana no mercado local fosse mais acentuado.
O dólar comercial fechou ontem em queda de 1,07% a R$ 2,22, menor patamar desde 31 de outubro de 2013. No ano, o dólar cai 5,81%, levando o real a apresentar a segunda melhor performance entre 17 moedas emergentes, só atrás da rupia da Indonésia. Se considerarmos desde o fim de fevereiro, quando o movimento de retorno dos investimentos para os mercados emergentes ganhou mais força, a divisa brasileira apresenta a melhor performance, acumulando valorização de 5,63%.
Com a queda de 3,24% do dólar em março, os investidores institucionais locais passaram a apostar na queda da moeda americana frente ao real, e mantinham posição vendida na divisa na BM&F de US$ 765 milhões em 4 de abril.
A perspectiva de fluxo positivo para o Brasil tem sustentado a valorização do câmbio. A Gerdau contratou um consórcio de bancos para sondar o mercado a respeito de emissão de bônus com vencimento em 30 anos. Segundo notícia publicada no Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, a perspectiva é captar pelo menos US$ 500 milhões. Ontem, o BNDES captou US$ 1,5 bilhão por meio de emissão de bônus com vencimento em 2019 e 2023. "O fluxo continua forte e o dólar deve testar o patamar de R$ 2,20 ainda nesta semana", diz Jayro Rezende, gerente de derivativos cambiais da CGD Investimentos.
Além de as captações continuarem aquecidas, o apetite maior por ativos de risco lá fora suporta o ingresso de recursos para portfólio no Brasil. "As taxas dos Treasuries americanos continuam comportadas, o que faz com que a busca por yield [retorno] continue", afirma Rezende.
Outro fator que tem influenciado o mercado local é a especulação em relação à corrida eleitoral. No último sábado, pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou queda da presidente Dilma Rousseff nas intenções de voto. Mesmo assim, a presidente ainda conseguiria se reeleger no primeiro turno. Os sinais de mudança na corrida eleitoral tem levado os investidores a apostarem em uma crescente possibilidade de troca de comando no próximo governo, o que tem contribuído para a queda do dólar e alta do mercado acionário.
Lá fora, o dólar caiu frente às principais divisas depois do número mais fraco que o esperado do relatório de emprego de março nos EUA, divulgado na última sexta-feira, que reduziu a preocupação com uma antecipação da alta da taxa de juros no país. Os investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião do Fomc (comitê de política monetária do banco central americano) na próxima quarta.
Fonte: Valor Econômico
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