Lançado em outubro de 2001, o Windows XP — sistema operacional da Microsoft — manteve sua relevância e presença no mercado durante mais de uma década, mesmo após o lançamento de quatro novas versões de plataformas pela gigante de software — a saber, o Windows Vista, o Windows 7, o Windows 8 e o Windows 8.1. No último dia 8 de abril, a Microsoft começou a colocar um ponto final nessa história, ao anunciar o encerramento do suporte operacional do Windows XP. A medida, no entanto, está dando um novo fôlego para um nicho específico do mercado: as empresas parceiras que integram tecnologias da Microsoft e que estão observando um crescimento nos projetos ligados à migração do Windows XP para outras plataformas da gigante americana de software.
“Tivemos um salto de 300% em projetos de migração e um crescimento de 100% no volume total de serviços no acumulado deste ano”, diz Armando de Vilhena, sócio-diretor da InfoSERVER, integradora brasileira de tecnologia da informação. “Pelo que temos visto e pela própria base de Windows XP nas empresas brasileiras, acreditamos que essa demanda vai gerar negócios até pelo menos o fim de 2015”, observa.
Com o fim do suporte, a Microsoft deixou de publicar atualizações de segurança para o Windows XP. Dessa maneira, o sistema tornou-se mais vulnerável aos ataques de hackers, o que expõe as empresas que baseiam suas operações na plataforma. Uma pesquisa divulgada pela empresa americana de segurança BitDefender apontou, por exemplo, que durante os três meses após o anúncio, uma empresa de marketing on-line — de origem não divulgada — teve que lidar com cerca de 800 milhões de ataques. Como parte da estratégia para minimizar esses impactos, a Microsoft fez diversos alertas e anunciou medidas para facilitar a migração desses usuários para outras versões.Procurada, a empresa não encontrou um executivo disponível para comentar o assunto.
Além do fator segurança, outra questão ganha contornos críticos a partir do momento em que as empresas investem na migração: a compatibilidade ou não de suas aplicações com o novo sistema operacional adotado. Para atender ao aumento da demanda, a InfoSERVER dobrou sua equipe de desenvolvedores nesse ano, de 80 colaboradores para 160 profissionais. A empresa também criou um pacote de ferramentas para agilizar o processo de migração. Essas soluções identificam componentes das aplicações que podem ser reaproveitados e, ao mesmo tempo, facilitam o desenvolvimento dos recursos que precisam ser reconstruídos.
Segundo Vilhena, a maioria dos projetos envolve clientes de grande porte de finanças e seguros. Outro setor no radar da empresa é o mercado de saúde. “Normalmente, as aplicações que exigem atualização são sistemas de atendimento ao cliente, de vendas e que detalham operações financeiras”, diz.
Mais que uma onda sazonal de oportunidades para novos negócios, a InfoSERVER está aproveitando a demanda pelos projetos de migração e atualização em outra frente. “Hoje, estamos usando essas iniciativas como um cartão de visitas para entrar em novos clientes”, diz Eduardo Coniglio, diretor comercial da InfoSERVER.
A KeepIT, de Blumenau, também vem testemunhando o crescimento dos projetos ligados ao Windows XP. “No mesmo período, em 2013, tínhamos apenas uma iniciativa nessa direção. Hoje, já desenvolvemos três grandes projetos, envolvendo entre 1 mil e 1,5 mil máquinas, e estamos em negociação com outros clientes da nossa base”, diz Juliano Cascaes, gerente de pré-vendas da KeepIT. “Muitos desses projetos iniciais estão ligados ao segmento de finanças e aos setores que estão mais sujeitos à fiscalização de órgãos regulamentadores”, afirma. A base de clientes da KeepIT inclui desde companhias com cinco usuários até empresas com 17 mil colaboradores.
Segundo Cascaes, a base significativa de Windows XP nas empresas brasileiras fez com que a KeepIT abrisse uma exceção para esses projetos. Normalmente, a companhia só trabalha com projetos relacionados às duas últimas versões da plataforma mais recente da Microsoft. Além da migração e da atualização, a empresa está investindo fortemente em treinamentos para que os usuários se adaptem aos novos sistemas operacionais. O executivo acrescenta que um dos projetos desenvolvidos pela KeepIT foi subsidiada pela Microsoft, que cobriu uma parcela dos gastos do cliente em questão.
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