Com alta da Selic, poupança ganha dos fundos de renda fixa

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Com o aumento da taxa Selic de 11% para 11,25% ao ano, realizado na última quarta-feira pelo Banco Central, as cadernetas de poupança ganham em rendimento dos fundos de renda fixa na maioria dos cenários previstos pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A partir das estimativas levantadas pela instituição, a poupança vai continuar se destacando frente aos fundos de renda fixa quando as taxas de administração forem superiores a 2,50% ao ano. Mas perderá dos fundos, em todas as situações, quando a taxa for inferior a 1% — o que representa a minoria dos casos, portanto.

Com 150 anos de existência no Brasil, a poupança é ainda hoje a modalidade de investimento mais procurada pelos brasileiros. Segundo dados da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o saldo dos depósitos de poupança nos agentes financeiros do SBPE superou R$ 504 bilhões em setembro, registrando elevação de 14%, se comparado ao saldo de setembro do ano passado. Considerando apenas a poupança no SBPE no mesmo mês, os depósitos superaram os saques em R$ 1,69 bilhão.

Para a empresária e educadora financeira Ana Paula Hornos, a popularidade do investimento se dá devido a facilidade de acesso oferecida ao pequeno investidor, segurança e liquidez garantida. Porém, essa procura ainda se mostra tímida, segundo pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). No levantamento feito pela instituição, apenas 30% dos domicílios brasileiros aparecem como poupadores de reserva financeira para o futuro ou eventualidades, enquanto 68% dos lares do país não se preocupam em guardar parte dos rendimentos. Dos que fazem reserva, 26% conseguem guardar entre 10% e 20% do salário mensal, e 2% conseguem poupar 40% ou mais do que ganham.

Para Ana Paula Hornos, um dos fatores que explica a dificuldade do brasileiro em acumular reserva pode ser associado à memória histórica. “Para poupar é necessário utilizar o lado racional e ter paciência. No caso dos brasileiros, temos um agravante histórico de uma época em que fazer estoque era mais inteligente do que guardar dinheiro, porque não se conseguia atualizar a moeda com a rapidez que os preços subiam”, explica.

De acordo com a especialista, outro fator que influencia o consumo em excesso e dificulta a economia é a propaganda midiática e o fácil acesso ao crédito. “Nos últimos anos, a renda subiu, o emprego cresceu, mas as dívidas aumentaram porque os brasileiros não tiveram respaldo da educação financeira. Se a pessoa não sabe fazer conta de juros e incluir em seu orçamento mensal, não é possível contratar crédito de forma consciente”, afirma.

Para a educadora financeira, o Dia Mundial da Poupança, comemorado hoje, pode servir de estímulo para começar a economia.“Minha recomendação é que se guarda 10% a 20% do salário liquido, mas essa meta é bem difícil de ser alcançada, geralmente dou uma dica de efeito prático: eleger um sonho como objetivo como estímulo à reserva. Guardar o 13º salário e benefícios ou algum saldo inesperado, como aumento salarial, ajuda o cérebro a acostumar com a reserva. O importante é começar fazendo pequenos exercícios”, explica.

 

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