A Marfrig Global Foods divulgou na manhã de quinta-feira (13) seu balanço do terceiro trimestre, com destaque para o fluxo de caixa livre positivo em R$ 84 milhões. “Em 2013, poucos acreditavam que iríamos entregar um fluxo de caixa positivo neste ano. Alcançamos estabilidade nesse quesito, uma evolução muito importante em relação ao ano passado”, disse Sérgio Rial, diretor-presidente da companhia. No acumulado do ano, a geração de caixa livre está positiva em R$ 71 milhões, enquanto nos primeiros nove meses de 2013 este mesmo resultado era negativo em R$ 1,855 bilhão.
E o fluxo de caixa positivo obtido no terceiro trimestre foi alcançado mesmo com o maior volume de exportações – o que requer, de acordo com Rial, mais capital de giro – e com o pagamento do Programa de Recuperação Fiscal (Refis); houve no período a compensação de R$ 93 milhões referente a sobretaxas e juros na adesão ao Refis.
A melhor administração do capital de giro, principalmente nas operações da Marfrig Beef Brasil, colaborou positivamente para o resultado. A partir da gestão do “contas a receber”, a empresa reduziu o prazo de recebimento de 28 dias no 2T14 para 27 dias no 3T14.
De perspectiva a realidade
Em linha com a sua estratégia Focar Para Ganhar, a empresa encerra o período reportando o cumprimento de todas as metas do guidance 2014 (guidance: a prática de divulgar projeções feita pelas companhias a respeito de suas atividades).
Entre as maiores empresas globais de alimentos, a Marfrig anuncia receita líquida de R$ 5,2 bilhões no 3T14, crescimento de 6% ante o 3T13, e Ebitda ajustado de R$ 435 milhões no 3T14 (margem de 8,3%), com alta de 16% em relação ao 3T13. Trata-se de um “desempenho operacional consistente pelo quarto trimestre consecutivo”, comemorou Rial.
No acumulado do ano, a receita é de R$ 15,1 bilhões (cerca de 70% de atingimento da meta para o ano), a margem Ebitda é de 8,2% (já dentro da média da meta) e os investimentos são de R$ 447 milhões (75% da meta anual). Com mais um trimestre para encerrar o ano, a tendência é chegar aos 100% em todos os objetivos.
Outro destaque anunciado foi o recorde de exportações da Marfrig Beef Brasil no trimestre passado: vendas que renderam R$ 1,97 bilhão ou 44,8% de participação na receita desta unidade de negócios, com forte presença em mercados com alta demanda por carne bovina – somente a Europa foi responsável por 36% das compras. E Sérgio Rial lembra que essas vendas foram operadas a um câmbio médio de R$ 2,28/dólar, de modo que o impacto positivo de um câmbio maior (R$ 2,45 no fechamento do 3T) para as exportações será sentido apenas no quarto trimestre.
O diretor-presidente ressaltou que há um cenário bastante promissor para as vendas externas brasileiras de carne bovina, lembrando que os Estados Unidos ainda podem abrir suas fronteiras para o produto nacional. Os americanos possuem participação de 13,6% nas importações globais de carne bovina, comprando cerca de 1 milhão de toneladas por ano.
Com o fim das eleições no Brasil e a perspectiva de definição dos nomes para os ministérios, o diretor-presidente da Marfrig espera uma atuação mais ativa de ministérios e indústrias para conquistar o mercado americano – além de torcer para que a carne bovina esteja na pauta da presidente Dilma Rousseff em sua iminente viagem aos EUA. Outra negociação em curso é com os chineses, que possuem cerca da metade da participação (7,1%, 550 mil t/ano) dos americanos nas compras mundiais. E se der certo a abertura com os EUA, Rial diz que há grande possibilidade de outros importantes compradores virem a reboque, como Canadá e México.
Um mercado fechado para o Brasil, porém, que pode se abrir para a Marfrig Beef via Uruguai, é o Japão, que compra 760 mil t/ano e detém 9,8% de participação nas importações globais do produto. De acordo com Sérgio Rial, o Uruguai já iniciou negociações com os japoneses. “O quarto trimestre será o melhor para as operações uruguaias; outubro já foi ótimo.”
Moy Park e Keystone
Pertencente à Marfrig Global Foods, a Moy Park, maior produtora de carne de aves da Irlanda do Norte e uma das 20 maiores do setor de alimentos do Reino Unido, apresentou receita líquida de R$ 1,34 bilhão no 3T, um aumento de 10% ante igual período do ano anterior. A margem Ebitda foi de 7,1% (contra 6,4% no 3T13), com Ebitda ajustado de R$ 96 milhões. Rial frisou que a Moy Park irá manter o resultado no quarto trimestre e fechará o ano na casa dos 7% de margem, tal como vem fazendo desde o 4T13.
A Moy Park tem sido um case de “crescimento inquestionável”, frisou Rial. As vendas anuais da empresa saltaram de 800 milhões de libras esterlinas/GBP em 2008 (equivalente hoje a R$ 3,24 bilhões), quando foi adquirida pela Marfrig, para GBP 1,45 bilhão estimado para 2014 (ou R$ 5,87 bilhões), “confirmando o enorme potencial do mercado europeu”. Para ilustrar esse crescimento, a Marfrig utilizou dados (até 10 de outubro de 2014) da consultoria de investimentos Dealogic.
Já a Keystone, uma das maiores fornecedoras globais de alimentos para o food service, também da Marfrig Global Foods, teve quedas de 5% na receita líquida (de R$ 1,48 bi no 3T13 p/ R$ 1,41 bi no 3T14) e de 9% no Ebitda ajustado, atingindo R$ 87 milhões e margem de 6,1% no 3T14. Mas um incidente grave (leia em “Problemas do McDonald's na China vão beneficiar subsidiária da Marfrig”) ocorrido neste ano envolvendo um fornecedor de alimentos na China pode melhorar o desempenho da Keystone em 2015. Segundo Rial, as plantas da empresa na região estão operando com 100% da capacidade de produção, enquanto as plantas do concorrente estão paradas. No entanto, os resultados benéficos da maior produção ainda não aparecem no atual balanço da Marfrig, pois o consumo na China sofreu retração após o anúncio do incidente. “Mas para 2015 a empresa vai ocupar esse espaço”, confia.
Investidores
O desempenho das ações no ano mostram que o mercado vem reconhecendo o bom momento da Marfrig, afirma o diretor-presidente. Até o dia 12 de novembro, as ações da empresa na Bovespa acumulavam alta de 52%, contra 27% do grupo chamado Peers (média da JBS, BRF e Minerva) e 3% da Ibovespa (fonte: BM&F Bovespa).
Em outubro, a agência Standard & Poor’s elevou o rating de crédito corporativo de escala global da Marfrig e da Moy Park para “B+” e manteve o rating da Moy Park, de forma isolada, em “BB-”. Mais recentemente, em novembro, a agência Fitch Ratings elevou o rating de crédito corporativo de escala global da Marfrig para “B+”, com perspectiva estável na escala global, bem como também aumentou o rating de crédito nacional para BBB+(bra).
Fonte: CarneTec
Deixe uma resposta