Tudo indica que o cenário econômico deste ano será bem parecido com o de 2014. Economistas projetam baixo crescimento da economia, inflação alta e, consequentemente, a continuidade da escalada da taxa básica de juros com o objetivo de controlar o avanço dos preços. Nesse contexto, qual será a melhor opção para o pequeno investidor alocar seus recursos?
Especialistas em finanças pessoais recomendam a renda fixa, principalmente os investimentos atrelados ao CDI (taxa média de empréstimos entre instituições financeiras). Esse rendimento esta associado à taxa básica de juros, que tende a subir. A Selic hoje está em 11,75% e deve terminar este ano a 12,50%, de acordo com a expectativa do mercado.
“A nova equipe econômica já sinalizou que haverá ajustes e tudo indica que vamos ter um aumento da taxa de juros. Será um ano para ficar na retaguarda, ou seja, o cenário não está propício para alocar dinheiro no mercado de ações”, avaliou o educador financeiro, Marcelo Rea.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro, indica aplicação financeira nos fundos DIs, que têm como índice de referência a taxa do CDI/Selic, e no ano passado rendeu 6,87%. “O cenário econômico deste ano será bem parecido com o de 2014, por isso a renda fixa se destaca. O valor mínimo para essa aplicação valer a pena é R$ 5 mil, para que seja possível negociar com o banco taxas de administração inferiores a 2%”, pontuou.
Já a planejadora financeira do Viva Plenamente, Myrian Lund, aconselha ao pequeno investidor alocar os recursos no CDB/DI na modalidade “taxa progressiva”, na qual a rentabilidade começa em 85% do CDI e pode chegar aos 100% após dois anos de permanência. “É uma opção tão conservadora quanto a poupança e o retorno pode ser maior mesmo com o Imposto de Renda que incide sobre a aplicação”, explicou.
De acordo com simulação feita por Ribeiro, que considera a Selic estável em 11,75%, um montante de investimento de R$ 10 mil e o período de aplicação de 12 meses, o fundo DI com taxa de administrativa de 2% acumularia ganhos de 7,31% ou R$ 731; a poupança, que paga Taxa Referencial (TR) + 6,17% ao ano, renderia 7,44% ou R$ 744. Já os ganhos do CDB empatariam com a poupança nesse prazo de um ano, caso a rentabilidade da taxa DI ficasse estática em 85%.
Quem tiver um montante maior para investir, de no mínimo R$ 20 mil, e visa o longo prazo, o consultor Rea indica a compra de títulos de renda fixa, como o LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). A vantagem é que são modalidades de baixo risco e isentas de Imposto de Renda. Por outro lado, o prazo para sacar é mais longo – no mínimo seis meses, pode chegar a quatro anos – e o aporte inicial é mais alto.
“Para conseguir uma boa taxa de administração, uma opção é buscar negociar com bancos menores. Não há risco, pois o investimento conta com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de R$ 250 mil”, disse Rea. Em simulação da Easyinvest, o investimento de R$ 30 mil na LCI ou na LCA pode render cerca de 50% mais em relação à poupança, com resgate em cerca de R$ 36 mil.
Renda Variável
Em meio à fraqueza da economia, as incertezas dos agentes do mercado em relação à condução da política econômica pela nova equipe liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em especial no que diz respeito ao seu grau de autonomia, faz pressão sobre o desempenho da bolsa.
O cenário tem outro agravante: a investigação de corrupção na Petrobras, o que reflete de maneira negativa no desempenho das ações, que por terem participação relevante no Ibovespa (8,7%), pressionam negativamente o índice, que acumulou desvalorização de 2,91% em 2014.
Tal cenário não é animador para a compra de ações, entretanto, Myrian aconselha ao investidor que já tiver boa parte dos recursos alocados na renda fixa, fazer pequenas aplicações mensais na bolsa, desde que o montante não comprometa o orçamento.
“Investindo R$ 100 por mês em um bom fundo de ações, é possível resgatar cerca de R$ 1,4 milhão em 30 anos”, pontuou a planejadora financeira, que indica a busca fundos administrados por gestores independentes (de corretoras) e classificados como ‘Ibovespa Ativo’ – que têm na carteira os mesmos papéis do índice, mas em proporções diferentes da carteira teórica.
Para o investidor que tiver conhecimento sobre renda variável e quiser apostar em papéis pontuais, com uma perspectiva de médio e longo prazo, o analista da XP Corretora, Ricardo Kim, orienta a busca por empresas dos setores financeiro e de educação.
“Os bancos privados, em especial, têm mostrado um resultado operacional muito bom, o que mitiga riscos como o aumento da inadimplência. Já as ações de companhias de educação têm uma perspectiva positiva, pois se beneficiam do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que tem contribuído para o crescimento da captação de alunos”, disse Kim.
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