Com juros em alta, consumidores botam o pé no freio e somem das lojas

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A nova subida da Taxa Selic, agora em 11,25%, aprofunda o clima nada confortável do varejo. Além do financiamento mais curto, os consumidores têm pouco alívio no bolso diante de juros mais elevados no crédito pessoal, que giram em 42,8% ao ano, segundo dados de setembro do Banco Central. Com menos dinheiro disponível, o movimento nas lojas tende a ser ainda menor. É o que antecipa a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que constatou queda de 0,8% — 120,6 pontos — na Intenção de Consumo das Famílias brasileiras no mês, em comparação com outubro. 

Segundo a CNC, esta é a terceira queda consecutiva no indicador. A compra de bens duráveis é um dos itens que perdeu prioridade nos planos de compra dos consumidores. Alcançou o patamar mais baixo da série histórica, iniciada em 2010, e registra retração de 3,0%, na comparação mensal e de 15,4%, na comparação com novembro do ano passado. 

Nas famílias com renda até 10 salários mínimos, a queda na intenção de compra de duráveis foi de 2,9% na comparação mensal, enquanto aquelas com renda acima de 10 salários mínimos registraram queda de 3,5%. Para o economista da CNC Bruno Fernandes, esse cenário é reflexo direto do crédito mais caro e restrito, bem como da inflação mais alta que, associados, vêm freando o consumo no país. 

Segundo cálculos da CNC, com base nos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos bens duráveis chega, no acumulado do ano até outubro, a 3,28%. Já o IPCA está em 5,05%. 

“Os consumidores esbarram hoje não só na menor facilidade do crédito, como também nos preços mais altos dos bens duráveis. A subida do dólar deixou os produtos mais caros”, avalia Fernandes. 

“Soma-se a isso o movimento de compra antecipada com o ‘efeito IPI’ (Imposto sobre Produtos Industrializados). O corte do imposto levou muitas famílias a renovarem seus bens e agora muitos já não veem necessidade de comprar”, pontua. 

Hoje, o IBGE divulga os resultados da Pesquisa Mensal de Comércio, referente ainda a setembro, e que deve trazer números mais animadores. Isso porque, no mês da pesquisa, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio registrou avanço de 0,9%. Já em outubro, o movimento nas lojas ficou estável, com leve alta de 0,1%, segundo a Serasa Experian. 

Em agosto, o varejo restrito teve crescimento de 1,1% nas vendas, de acordo com o IBGE. No ano, a expansão está em 2,9%. Para a CNC, a tendência é a de que o comércio siga para 2015 mantendo resultados mornos.

 

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