Crédito a imóvel voltará a crescer no 2º semestre

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Depois de recuar 19,1% em junho, para R$ 9,04 bilhões, as concessões de empréstimos imobiliários com recursos das cadernetas de poupança devem se recuperar no segundo semestre, fechando o ano em alta de 15%, o que significará liberações de R$ 125,6 bilhões. Em junho de 2013, as concessões foram de R$ 11,18 bilhões. No ano todo, atingiram R$ 109,2 bilhões. 

Esta é a previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que reúne os bancos que atuam no segmento. Para que se concretize, será preciso que, neste segundo semestre, as liberações de novos financiamentos de imóveis cresçam para R$ 72,5 bilhões, quase 37% mais do que os R$ 53,1 bilhões liberados de janeiro a junho. Julho ainda não terminou mas, segundo o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Jr., o mês também não será muito bom, uma vez que metade dele foi tomado pela Copa do Mundo de futebol da Fifa, que paralisou negócios — principalmente com imóveis usados. “Os financiamentos de usados representam 60% do total feito com recursos da poupança”, informa. 

Lazari Jr. acredita que o crescimento acelerado é possível, apesar de uma “pequena deterioração” nos indicadores macroeconômicos, como inflação e crescimento. Para ele, a inadimplência controlada (em junho, somente 1,8% dos contratos tinham mais de três prestações em atraso), os ainda baixos índices de desemprego e o aumento da renda contribuem para essa retomada. “Por isso, mantivemos a previsão de aumento de 15% em 2014”, explicou. 

O executivo, que dirige a área no Bradesco, diz que um crescimento de 32% como o verificado no ano passado não é sustentável — nos próximos anos esse aumento deve ficar menor. 

A Abecip informou ainda que foram financiadas, no mês de junho, aquisições e construções de 42,4 mil imóveis, com redução de 8% em relação a maio e de 20% comparativamente a junho de 2013. Também neste caso as variações do mês devem ser atribuídas aos jogos do Brasil na Copa do Mundo e ao efeito estatístico da base de comparação (junho do ano passado com recorde de contratações), diz Lazari Jr.

Entre janeiro e junho deste ano, foram financiados 256,1 mil imóveis, volume 4,6% superior ao registrado em igual período de 2013. Em 12 meses (de julho de 2013 e junho último), foram financiados 541,1 mil imóveis, número que superou em 12% as 483,7 mil unidades contratadas nos 12 meses anteriores.

Letras Financeiras Imobiliárias: saindo do forno 

O presidente da Abecip disse ainda que embora os recursos da poupança sejam suficientes para financiar o crescimento anual previsto até o final de 2015, os bancos estão trabalhando intensivamente junto aos órgãos reguladores (Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários, a CVM) e Ministério da Fazenda para aprovar o lançamento das Letras Financeiras Imobiliárias (LFI). “Estamos na reta final”, disse Lazari Jr. ontem a jornalistas, acrescentando que faltam decidir detalhes como a tributação do investimento nas LFI por estrangeiros. “As LFI devem sair do forno no final do ano, e queremos lançar um balão de ensaio para testar a sua aceitação pelo mercado no primeiro trimestre de 2015”. As LFI estão em discussão entre bancos e governo há três anos. São uma espécie de Certificado de Depósito Bancário (CBD) de longo prazo, com garantia em contratos de financiamento imobiliários. 

Segundo a Abecip, atualmente cerca de 65% dos empréstimos imobiliários são realizados com recursos do sistema brasileiro de poupança e empréstimo (SBPE) – o restante é financiado pelo FGTS. Somente a poupança tinha R$ 490 bilhões de saldo no mês passado. Em Letras do Crédito Imobiliário (LCI), havia R$ 119,9 bilhões em estoque em junho e em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), outros R$ 50,2 bilhões.

Embora esses saldos sejam suficientes para as previsões de crescimento dos empréstimos, a pressa da Abecip se justifica, pois a captação líquida da poupança vem sofrendo nos últimos meses, depois que a taxa básica de juros, a Selic, entrou em trajetória de alta no ano passado. Lazari diz, porém, que a média de captação de R$ 8 bilhões, como a registrada neste ano até o final de junho, “dá uma tranqüilidade que não tínhamos há muitos anos”, afirmou.

Endividamento limitado, calote controlado

Lazari fez questão de reforçar a tranquilidade do setor com os índices de inadimplência, que estão abaixo de 2%. “Enquanto houver emprego e renda, enquanto a inflação estiver sob controle, não há porque nos preocupar”, diz. Além disso, Lazari ressalta que o limite de endividamento imposto pela regulamentação brasileira – que exige entrada de 20% nos financiamentos – deixa os mutuários mais responsáveis: “Ninguém quer perder o dinheiro que deu de entrada”, lembra. Além disso, o executivo afirma que os juros cobrados nessa modalidade de empréstimo continuam os mais baixos do mercado: “Apenas os bancos estatais elevaram suas taxas para acompanhar a alta da Selic. Nos bancos privados não houve movimentação e nem vai acontecer”, acredita o executivo. Para completar, a figura da alienação fiduciária facilitou a retomada de imóveis: “O prazo médio caiu a 120 dias”.

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