Caso de racismo escancara rompimento entre Grêmio e principal organizada6

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A Geral do Grêmio já foi motivo de orgulho para os demais torcedores. Apoiando o time em momentos de vitória ou derrota, cantando, comemorando com o movimento conhecido como 'avalanche' na descida das arquibancadas do Olímpico, lembrando torcidas argentinas e uruguaias, toda atitude ela celebrada. Não mais. Consolidada como movimento político, a união que teve início espontâneo de torcedores hoje não recebe mais adeptos. E a queda teve ápice neste domingo, quando do local onde estava partiram músicas utilizando o termo 'macaco', abafadas por vaias dos demais aficionados.



A Geral do Grêmio não define uma data específica para fundação. Mas, de acordo com o site oficial, por volta do ano 2000 a união de torcedores tomou corpo e deu origem ao que inicialmente não foi rotulado como torcida organizada, mas de movimento social. Não havia cobrança, carteirinha, cadastro. Eram gremistas que escolhiam agir da mesma forma, cantar e ficar no mesmo espaço no estádio.



Só que com o passar do tempo, o grupo criou lideranças, disputas de poder, comandos, confusões, brigas repetidas e a imagem utópica de apenas um movimento de torcedores unidos pelo clube consolidou a formação de uma organizada, que muitas vezes utilizou a não existência de um cadastro para evitar punições e identificação de culpados em atos de vandalismo.



A linha de tempo da Geral do Grêmio passou a oscilar com momentos bons e ruins. Mas as manchas no caminho se fortaleceram com o tempo. O repasse de verba feito pela direção do clube, líderes 'sustentados' com dinheiro gremista, acusação de venda ilegal de ingressos, tudo rondou o grupo de aficionados que só aceitou manter um cadastro por força da Brigada Militar.



E o ponto alto na desavença ocorreu com o retorno de Fábio Koff à presidência. Quando fazia campanha, o mandatário gremista foi vítima de uma tentativa de agressão no pátio do Olímpico. A Geral era parceira da gestão anterior, de Paulo Odone, que repassou R$ 1,1 milhões do clube para o grupo de aficionados em um ano.



Mais do que isso, a torcida formou um grupo político e passou a eleger conselheiros. Hoje, por volta de 13 estão com mandato em vigência. E no Conselho Deliberativo, mantém os mesmos focos de discussão e confusões que tanto ocorreram em arquibancadas e cadeiras.



Koff venceu a eleição e uma das primeiras condutas foi cortar toda verba destinada às organizadas. Nem mesmo ingressos gratuitos seriam cedidos. E a 'guerra fria' só cresceu. Tanto que recentemente punida pelo Ministério Público em razão das brigas no último Gre-Nal, a torcida perdeu direito de utilizar faixas e instrumentos por cinco jogos. O Grêmio conseguiu uma audiência com o MP para amenizar a pena, e a Geral simplesmente ignorou a reunião optando por manter-se sem os instrumentos e realizando um 'protesto' ao deixar o espaço em que estaria a banda em branco no estádio.



Neste domingo, quando o clube inteiro se mobilizou para evitar que qualquer atitude que lembrasse racismo fosse realizada na Arena, em razão dos atos ocorridos na última quinta contra o goleiro Aranha, do Santos, e a proximidade com o julgamento no STJD marcado para quarta, a Geral ignorou o senso comum e entoou cânticos que tratam o rival Internacional por 'macaco' e 'macaco imundo'.



"Parece que, propositadamente, querem prejudicar o Grêmio no julgamento de quarta-feira. Eu pergunto: que gremista é este? que torcedor é este que vem para cá para prejudicar o clube? Não vamos deixar que a torcida do Grêmio tenha sua história manchada por esta minoria. Vamos tomar providências cada vez maiores para não deixar isso ocorrer. Há representações no Conselho Deliberativo contra isso. Excluímos os envolvidos nos atos de quinta-feira sumariamente. Não é possível tolerar isso", afirmou o mandatário gremista.



O Twitter oficial do Grêmio, logo após o jogo contra o Bahia, registrou uma série de reclamações. Não contra o clube, mas contra a torcida específica. Os aficionados, de cara, vaiaram a Geral do Grêmio, que já ouviu o mesmo tom de desaprovação quando, na inauguração da Arena, protagonizou cenas de selvageria com brigas entre líderes de facções internas da torcida.



Através das redes sociais, há torcedores do Grêmio que defendem o fim da Geral. A torcida que tanto orgulhava os gremistas, que era eleita como exemplo de apoio, hoje é considerada nociva ao que deveria ser o foco de união de todos: o clube.



O Grêmio tratará internamente as ações a serem feitas em relação aos cânticos entoados no domingo. Enquanto isso, prepara defesa para o julgamento da próxima quarta, no STJD. Se punido, o clube pode ser excluído da Copa do Brasil, perder mando de campo de 5 a 10 jogos e ser multado.

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