Relembre os fatos mais marcantes do ano na política e na economia no Brasil e no mundo
As manifestações se espalharam pelas principais cidades do país em junho. O estopim foi a campanha do Movimento Passe Livre contra o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus de São Paulo. Com pautas difusas, as manifestações foram marcadas pela ausência de lideranças, pela comunicação em redes sociais e ainda pelo surgimento do Mídia Ninja e dos grupos de black blocs. Depois dos protestos, metrópoles como São Paulo e Rio cancelaram os reajustes de ônibus. (Foto: Tasso Marcelo/AFP)
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou 25 réus no processo do mensalão, entre políticos, executivos de banco e publicitários. No feriado da República, em 15 de novembro, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, pediu a prisão de parte dos condenados e os levou de São Paulo e Belo Horizonte para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, em uma ação considerada controversa por juristas. Alguns foram condenados à prisão em regime semi-aberto. Entre os que não receberam pena alternativa, apenas o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) não está detido. O ex-diretor de marketing do banco Brasil Henrique Pizolatto fugiu para a Itália, onde tem cidadania. (Foto: Evaristo Sá/AFP)
O cartel de licitações de trens e metrô do estado de São Paulo descoberto pelo Ministério Público envolve as multinacionais Alstom e Siemens e atingiu o PSDB, entre eles dois secretários do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, José Anibal (Energia) e Edson Aparecido (Casa Civil). Rodrigo Garcia, secretário de Desenvolvimento Social, do DEM, também está sob investigação. Os três são deputados federais licenciados. O caso foi parar no STF, sob a relatoria do ministro Marco Aurélio Mello. Um dos citados no inquérito é o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), que possui foro privilegiado. (Foto: Kriztian Bocsi/Bloomberg e Yasuyoshi Chiba/AFP)
Ex-ministros do governo Lula, a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, uniram forças para a disputa presidencial de 2014. Abrigada pelo PSB depois de o TSE não conceder registro ao seu partido, o Rede, Marina abriu mão de ser cabeça na eventual chapa, mas ainda não decidiu se vai ser vice. Entre o ambientalismo de Marina e o desenvolvimentismo de Campos, o PSB ainda colhe sugestões para fechar um programa de governo. O PSB deixou cargos no governo Dilma e tem se aproximado do senador mineiro Aécio Neves, possível candidato pelo PSDB para concorrer à Presidência. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Em seu último ano de mandato, a presidenta Dilma Rousseff enfrentou manifestações nas ruas, inflação alta, juros em elevação e o crescimento da economia em desaceleração. Candidata do PT à reeleição em 2014, Dilma recuperou a popularidade e, segundo as pesquisas eleitorais mais recentes, ganharia a disputa. Contam a seu favor o desemprego em baixa (em novembro, o IBGE registrou o menor nível de desocupação no mercado de trabalho) e o consumo interno resistente. (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
O império de Eike Batista ruiu em 2013. A OGX, empresa de petróleo do empresário, e a OSX, da área naval, pediram recuperação judicial em outubro para evitar a falência. Eike acumula dívidas de bilhões de reais com credores estrangeiros e nacionais, como o banco de fomento federal BNDES, e causou prejuízos bilionários no mercado de ações. De exemplo nos negócios, Eike passou para o extremo oposto. Foi apontado pela revista Forbes como uma das carreiras mais desastrosas do mundo. O ex-bilionário é ainda alvo de ações judiciais por parte de investidores minoritários da OGX e pode ser investigado em CPI a ser aprovada na Assembleia Legislativa do Rio. (Foto: Frederic Brown/AFP)
Depois da surpeendente renúncia do papa Bento XVI, o papa Francisco tornou-se em março a liderança da Igreja Católica. Argentino, Francisco é o primeiro papa nascido no continente americano e tem como principais desafios os escândalos de pedofilia e as suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro pelo Banco do Vaticano. Em junho, Jorge Mario Bergoglio visitou o Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio. Contra o aborto, a eutanásia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seus discursos têm forte apelo por justiça social. De hábitos simples, ao completar 77 anos, convidou quatro moradores de rua para comemorar a data. (Foto: Nelson Almeida/AFP)
O líder sul-africano Nelson Mandela morreu aos 95 anos em 5 de dezembro, depois de enfrentar uma infecção pulmonar recorrente. Ícone da luta contra o apartheid, regime de segregação racial que vigorou entre 1948 e 1994 em seu país, Mandela ficou preso durante 27 anos. Mandela tornou-se o primeiro presidente da África do Sul democrática e multirracial, em 1994. Um ano antes, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Inicialmente, Mandela foi um líder revolucionário que pegou em armas. Após a prisão, adotou uma atitude conciliadora. Eleito presidente, instituiu a Comissão da Verdade e Reconciliação, cujo objetivo era apurar os fatos ocorridos durante o apartheid, mas sem implementar medidas de punição. O seu funeral contou com mais de 90 chefes de Estado, entre eles, a presidenta Dilma Rousseff, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente de Cuba, Raúl Castro. Sua vida inspirou a produção de inúmeros filmes, livros e músicas pelo mundo. (Foto: Odd Andersen/AFP)
A PEC do Trabalho doméstico foi aprovada no Congresso em março e equiparou os direitos trabalhistas da categoria aos dos demais trabalhadores do país. Parte da regulamentação ainda depende de aprovação da Câmara para seguir para sanção presidencial. Empregadas e demais trabalhadores domésticos passaram a ter jornada de 8 horas diárias e 44 semanais, adicional noturno, hora extra, FGTS, seguro-desemprego, seguro acidente do trabalho, carteira de trabalho assinada, 13º salário, repouso semanal, férias, estabilidade e licença por gravidez, licença-paternidade, auxílio-doença do INSS, aviso prévio e aposentadoria. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
As grandes potências e o Irã chegaram a um acordo histórico sobre o programa nuclear de Teerã, a "primeira etapa" para um pacto mais amplo. Após mais de cinco dias de negociações em Genebra, o Irã e o Grupo 5+1, composto pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia) mais a Alemanha, anunciaram o compromisso de limitar o programa nuclear iraniano em troca de um alívio das sanções econômicas. Com validade de seis meses, o acordo foi considerado como um "sucesso" pelo guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e uma "primeira etapa importante" pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. (Foto: Fabrice Coffrini/AFP).
O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo foi eleito diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) em uma disputa acirrada. Primeiro latino-americano a dirigir a OMC, o embaixador assumiu o cargo em agosto, com apoio dos países dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul), de língua portuguesa, latinos, asiáticos e africanos. Azevêdo era representante permanente do Brasil na OMC desde 2008 e há mais de 20 anos está envolvido em assuntos econômicos e comerciais. Chefiou o Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores e a delegação brasileira nas negociações da Rodada de Doha sobre a liberalização do comércio. No discurso de estreia na OMC, Azevêdo disse ser essencial dar novo fôlego às negociações de Doha, por meio de um multilateralismo contra o protecionismo, e prometeu dar voz aos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos. (Foto: Alain Grosclaude/AFP)
A maior reserva estimada de petróleo do Brasil, o Campo de Libra, na camada do pré-sal, foi leiloada pelo governo em outubro. Um único consórcio – formado pela brasileria Petrobras, pela anglo-holandesa Shell, pela francesa Total e pelas chinesas CNPC e CNOOC – arrematou a área de exploração e ofereceu a taxa mínima de retorno prevista à União. O consórcio pagou R$ 15 bilhões como bônus de assinatura e fará investimento inicial de R$ 610,9 milhões. A licitação ocorreu sob manifestações e 26 liminares judiciais contrárias à participação estrangeira no negócio. Petroleiros entraram em greve. Localizada na Bacia de Santos a 170 quilômetros da costa e a 7 mil metros abaixo do nível do mar, a área de Libra tem reserva de 8 bilhões a 12 bilhões de barris e deve produzir o equivalente a 70% do volume produzido atualmente no país. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
A economista Janet Yellen será a primeira mulher a dirigir o Fed, o banco central americano, a partir de 2014. Indicada por Barack Obama, é vista como mais preocupada com o desemprego do que com a inflação. Yellen subiu todos os escalões do Fed. Foi diretora do Fed em 1994 por indicação do então presidente Bill Clinton e, em 1997, tornou-se chefe da assessoria econômica da Casa Branca até 1999, em substituição a Joseph Stiglitz. Voltou ao Fed em 2004, onde presidiu o braço regional de São Francisco até 2010, quando chegou à vice-presidência do Fed. Tornou-se uma das maiores aliadas da política monetária de Bernanke. "A redução do desemprego deve estar no centro das ações", diz. (Foto: Brendan Smialowski/AFP)
A falta de acordo entre republicanos e democratas sobre o orçamento paralisou o governo americano em 1º de outubro 2013, pela primeira vez em 17 anos. O shutdown americano durou 17 dias e atingiu 800 mil funcionários públicos considerados não essenciais, que ficaram em casa sem receber salário. Parques nacionais, museus e até a estátua da Liberdade ficaram fechados. A razão da paralisação foi o "Obamacare", reforma do sistema de saúde aprovada no primeiro mandato de presidente dos EUA. O Partido Republicano era contrário ao programa. Um acordo para o orçamento foi fechado no último dia do prazo, antes que o país declarasse default aos seus credores. (Foto: Jewel Samad/AFP)
A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher morreu em abril, aos 87 anos, depois de sofrer um derrame. A Dama de Ferro morreu em um quarto do hotel Ritz de Londres, onde morava temporariamente. Única chefe de governo mulher que o Reino Unido teve, Thatcher suscitava tanto admiração como ódio. Ela permaneceu no cargo durante 11 anos, entre 1979 e 1990, um recorde de sobrevivência política em seu país desde o começo do século XX. Mais de duas décadas depois, o seu legado – a implacável defesa do conservadorismo político e do liberalismo econômico – divide os britânicos. Sua trajetória foi marcada pela autodeterminação para impulsionar a liberalização econômica dos anos 80 e a resistência às pressões contrárias do restante da Europa, pelo envio da Marinha britânica às Ilhas Malvinas para combater tropas argentinas em 1982 e ainda pela intransigência com o grupo IRA na Irlanda do Norte.(Foto: Chris Harris/AFP)
Hugo Chávez morreu em março, aos 58 anos, depois de 14 anos como presidente da Venezuela. Seu sucessor, Nicolás Maduro, foi reeleito depois. A luta contra o câncer impediu Chávez de tomar posse em janeiro para um terceiro mandato de seis anos. Chávez utilizou as imensas reservas de petróleo de seu país para transformá-lo no grande impulsionador da integração latino-americana e promoveu alianças que serviram para desafiar os EUA. Defensor da Líbia, Síria e Irã em momentos em que o Ocidente os sancionava ou invadia, Chávez defendia uma "nova ordem social", na qual não cabia a hegemonia americana.Ex-militar influenciado pelas ideias de esquerda, Chávez dizia ser o continuador de Simón Bolívar, que queria unir a América Latina em uma única pátria. Delegações de 54 países participaram de seu funeral, incluindo a maioria dos líderes da região e do Caribe, entre eles a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o iraniano Mahmud Ahmadinejad. (Foto: Luis Acosta/AFP)
Sucessor de Chávez, o presidente da Venezuela, Nicolás Mauduro, ganhou plenos poderes do Congresso em outubro para governar por decreto durante um ano nas áreas econômica e de combate à corrupção. Com isso, determinou a prisão de comerciantes que remarcassem preços e limitou o lucro de empresas. Já a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, perdeu popularidade ao longo de 2013, ano em congelou preços, pediu a devolução das Malvinase aumentou impostos de carros, barcos e aviões de luxo. Ela recuperou-se em 2013 da retirada de um coágulo no cérebro. (Fotos: Juan Mabromata/AFP e Leo Ramirez/AFP)
Por 16 votos a favor e 13 contra, o Senado uruguaio aprovou a Lei da Maconha em dezembro, um projeto do presidente José "Pepe" Mujica. O país sul-americano será o primeiro do mundo a legalizar produção, venda e consumo da marijuana. Antes, apenas o consumo era legalizado. A nova lei pretende criar uma alternativa à guerra contra as drogas. Mujica quer que o Estado regule o comércio e o uso da droga. O governo vai distribuir licenças para o cultivo de até 40 hectares de marijuana, para pesquisas científicas, indústria e consumo recreativo. Os consumidores registrados poderão comprar até 40 gramas por mês em farmácias a preços inferiores aos do mercado negro. Também será permitido plantar até seis pés de maconha em casa. (Foto: Daniel Caselli/AFP)
O ex-primeiro-ministro da Italia Silvio Berlusconi, líder da direita italiana há duas décadas, foi expulso do Senado em novembro, em uma decisão histórica que representou a perda de sua imunidade parlamentar. O magnata das comunicações de seu país dirigiu a Itália por quase 10 anos. Sua família controla três canais de televisão, jornais, uma editora e o time de futebol Milan. Berlusconi foi condenado pelo Tribunal Superior a quatro anos de prisão por fraude fiscal. Três deles foram suprimidos por anistia e o ano restante deve ser cumprido por meio de trabalhos à comunidade a partir de 2014. O ex-premiê também ficou impedido de se candidatar nas eleições italianas e europeias nos próximos seis anos. "Fui submetido a 57 processos, uma verdadeira perseguição que nenhum líder político teve de enfrentar", disse. Vários julgamentos ainda o esperam, entre casos por suborno e prostituição de menores. (Foto: Filippo Monteforte/AFP)
O dono da Amazon, Jeff Bezos, fechou a compra do jornal Washington Post por US$ 250 milhões. O jornal que revelou o escândalo de Watergate nos anos 70 tem enfrentado a concorrência crescente das informações pela internet. Criado há 136 anos, o "Post" era controlado há oito décadas pela família Meyer-Graham. Assim como as outras publicações do grupo, o jornal foi transferido ao Nash Holdings, um fundo de investimentos de Bezos. (Foto: David Ryder/GettyImages-AFP)
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