Moeda virtual Litecoin chega ao Brasil

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Criada em 2011 por um ex-engenheiro do Google, a moeda "filhote" da bitcoin começa a ser usada. Receio é a falta de regulamentação

Enquanto a bitcoin tenta superar a crise de confiança gerada pela quebra recente de um banco e uma casa de câmbio virtuais, uma nova moeda criptografada começa a se popularizar no Brasil. Pouco conhecida no país, a litecoin era aceita até o fim da semana passada em apenas sete estabelecimentos comerciais brasileiros, segundo o Coinmap, site que mapeia a aceitação de moedas virtuais no mundo. Apesar de partilhar das vantagens comuns ao dinheiro virtual, a litecoin apresenta riscos consideráveis ao investidor, principalmente pela volatilidade de suas cotações frente às moedas reais e pela sua total falta de regulamentação.

A litecoin foi criada a partir do código-fonte da bitcoin, que por ser aberto pode ser adaptado por outros programadores. Ao contrário da bitcoin, cuja autoria é motivo de controvérsia, a litecoin tem criador conhecido: Charles Lee, um engenheiro de software que trabalhou para o Google. Para obter litecoins é possível "minerá-las" a partir de um código alfanumérico, tal como acontece com a bitcoin. "A principal diferença entre as duas moedas é que a litecoin é mais democrática. É possível minerá-la com um computador doméstico, o que hoje é inviável no caso da bitcoin", explica Rodrigo Batista, CEO da Mercado Bitcoin, site de serviços relacionados a moedas virtuais.

A Mercado Bitcoin passou a comprar e vender a litecoin em agosto do ano passado – atualmente a moeda virtual responde por 20% do volume de transações cambiais realizadas pela empresa. Mas a popularidade da litecoin continua a crescer, segundo Batista. Em novembro e dezembro de 2013, a moeda criptografada chegou a responder por 33% do volume negociado pela Mercado Bitcoin, impulsionada por notícias internacionais positivas.

Criada em outubro de 2011, a litecoin experimentou desde então uma valorização explosiva. Em janeiro do ano passado, cada unidade valia US$ 0,07. A cotação chegou ao patamar de US$ 40 no início de dezembro. Já na última sexta-feira estava cotada a pouco mais de US$ 15, de acordo com o site BitInfoCharts. Um dos estímulos à popularização da litecoin é o fato de sua cotação estar num nível muito inferior ao da bitcoin. Pela cotação de sexta-feira, eram necessários cerca de US$ 630 para adquirir uma única bitcoin. Com esse mesmo valor, era possível comprar mais de 40 litecoins.

A volatilidade nas cotações das moedas virtuais é justamente um dos riscos apontados pelo advogado Marcelo Godke Veiga, sócio do escritório Godke Silva & Rocha. "Essa história se parece com a Bolha das Tulipas, ocorrida no século XVII, na Holanda. Um único bulbo de tulipa chegou a valer dez vezes o salário médio de um trabalhador da época. Quando a bolha estourou, as tulipas não valiam nem a terra onde foram plantadas", compara Veiga. "Quem garante que não há uma quantidade excessiva de bitcoins ou litecoins no mercado?". Na cotação atual, os 12,47 milhões de bitcoins em circulação no mundo equivalem a US$ 7,82 bilhões, enquanto o valor de mercado das litecoins existentes não chega a US$ 420 milhões.

Outra ameaça às pretensões das moedas virtuais de se consolidarem como meios de pagamento aceitos em larga escala é a insegurança jurídica. "Do ponto de vista da segurança jurídica, a litecoin tem a mesma garantia que um pedaço de papel de pão com a minha assinatura e um valor qualquer escritos a caneta", afirma Veiga. As transações com bitcoins e litecoins são simples acordos entre as partes, já que por lei não há qualquer obrigatoriedade de aceitar moedas virtuais. Mesmo assim, o advogado considera positivo o esforço para a criação de uma moeda aceita mundialmente. "Uma moeda virtual como a bitcoin, devidamente regulamentada, poderia ajudar a reduzir os custos de transações internacionais", argumenta.

Entre os revezes mais recentes sofridos pela moeda virtual está o fechamento do banco de bitcoins Flexcoin, no Canadá, e da Mt. Gox, maior casa de câmbio do mundo de bitcoins, baseada no Japão. Em ambos os casos, as empresas admitiram que tiveram suas reservas de moeda criptografada roubadas por hackers. Na semana passada, uma reportagem da "Newsweek" afirmou que o criador da bitcoin era, de fato, um nipo-americano chamado Satoshi Nakamoto. Nascido no Japão mas vivendo nos Estados Unidos desde os dez anos, Nakamoto desmentiu a informação de que teria inventado a moeda virtual.

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