O universo de aproximadamente 40 mil sócios aptos a voto na eleição presidencial do Grêmio é superior a vários municípios gaúchos. Se todos os associados com poder de escolha na eleição do próximo dia 18 formassem um município, seria o 49º mais populoso do Estado. Se todos os aptos votassem no mesmo deputado, seja federal ou estadual, nas eleições ocorridas no último dia 5, elegeriam com folga o escolhido e ainda garantiriam cadeiras de sobra por conta da eleição proporcional. E para convencer um colégio eleitoral espalhado pelo Estado e cujo interesse em comum é o clube, os dois candidatos ao posto maior têm estratégias semelhantes e, da mesma forma, comparáveis a políticos convencionais.
Os 40 mil sócios do Grêmio adimplentes nos últimos 12 meses, maiores de 16 anos e cuja ligação associativa dura no mínimo dois anos, se formassem um município, estariam colocados entre Osório e Canela, na 49ª posição entre as cidades mais populosas do Rio Grande do Sul, segundo o último censo. Superando, assim, outras 449 cidades. Ou seja, 90% dos municípios gaúchos.
E para conquistar a preferência desta fatia tão considerável da população, dois candidatos mantém estratégias de campanha semelhantes. Homero Bellini Júnior e Romildo Bolzan Júnior são regidos pelo Estatuto do Grêmio. Com isso, não podem utilizar espaços comprados em rádio ou televisão para um 'horário eleitoral'. As ações limitam-se ao corpo a corpo e a utilização das redes sociais.
Ambos os movimentos que apoiam os candidatos têm mantido atividades eleitorais frequentes. A situação, representada por Romildo, teve, nos momentos que antecederam a última partida do Grêmio em casa, por exemplo, 50 pessoas, entre contratados e apoiadores, em ação seja empunhando as 10 bandeiras grandes com o nome e o slogan do candidato, ou espalhando panfletos e adesivos aos gremistas.
Já Homero, representante da oposição, afirma não ter qualquer apoiador contratado. Segundo informou a assessoria de imprensa da campanha, as ações são feitas de forma espontânea por torcedores que comungam de ideias semelhantes.
Nenhum dos dois movimentos detalhou quanto exatamente custa uma campanha para presidência do Grêmio. O valor, no entanto, tem origem idêntica. As alianças políticas dos movimentos do clube 'sustentam' atividades eleitorais e materiais como camisas, panfletos, bandeiras e adesivos.
Outro ponto que une campanhas é a rede social. Ambos os candidatos mantém páginas oficiais nas quais são expostas ideias e há interação com associados. Através da internet, os candidatos chegam até torcedores mais distantes, mas ela não é a única maneira para isso.
Nesta quinta-feira, Romildo Bolzan Júnior esteve nas cidades de Santa Maria e Santa Cruz. Lá, aproximou-se de associados do interior e expôs ideias através da imprensa. O mesmo já fez Homero, que mesmo antes do primeiro turno manteve caravana em várias cidades.
Dos 40 mil votantes, 60% estão concentrados na região metropolitana. As cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo condensam mais da metade dos associados. Em outras cidades, Caxias do Sul e Bento Gonçalves são redutos de muitos sócios.
Quem estiver distante de Porto Alegre também conseguirá votar. Através da internet, 5,5 mil torcedores cadastraram-se previamente e poderão participar do pleito. Além disso, votos pelos correios também serão aceitos. Além da presença nas urnas, entre as 9h e as 17h do dia 18. A votação ocorrerá com urnas eletrônicas cedidas pelo TRE, na Arena.
Com tantas semelhanças à política convencional e campanhas impulsionadas por um colégio eleitoral robusto, a estrutura interna dos clubes cada vez mais desperta interesse dos torcedores. Mais do que apoiar com gritos e cantos, os aficionados podem participar diretamente do futuro das agremiações, escolhendo representantes e, com isso, sendo também responsáveis por derrotas e vitórias.
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