A queda nos preços de commodities agrícolas no mercado internacional e o impacto sobre os produtores brasileiros começa a preocupar o governo, que pode ter de acionar mecanismos de subvenção para ajudar na comercialização do milho e da soja em algumas regiões, entre outros produtos. "A comercialização antecipada está muito mais baixa do que no ano passado, porque rentabilidade não está positiva em algumas regiões, onde começa a bater no ponto de equilíbrio. Isso reduz a intensidade do produtor de querer fazer a venda antecipada", disse o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo.
Segundo ele, o baixo retorno sobre o investimento na produção começa a ocorrer com mais intensidade em fronteiras agrícolas. "Em regiões como o norte do Mato Grosso, a rentabilidade está começando a se a aproximar de zero e já acendeu a luz amarela do ministério", afirmou.
A preocupação foi sinalizada por Paludo durante a divulgação do volume de grãos previstos para a safra 2014/2015, conforme pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A estatal estima a safra entre 194 milhões e 202 milhões de toneladas, superando o resultado da ciclo produtivo 2013/2014, quando o País colheu 195,4 milhões de toneladas. "Pela primeira vez vamos ultrapassar a casa dos 200 milhões de toneladas na nossa previsão", comemorou o presidente da Conab, Rubens Rodrigues dos Santos.
O aumento de produção, contudo, pode contribuir para a derrubada de preços em virtude da supersafra que os Estados Unidos estão colhendo. Embora Paludo tenha amenizado o prognóstico do mercado sobre o impacto da retomada da produção norte-americana, o secretário demonstrou preocupação com a necessidade de a Agricultura intensificar o diálogo com o Congresso Nacional para manter os R$ 5,3 bilhões previstos para os programas de comercialização do ciclo 2014/2015.
O montante está previsto na Lei Orçamentária de 2015, em tramitação no Congresso. "O nosso trabalho é para que o recurso que foi orçado e colocado no papel pelo Executivo seja aprovado no Legislativo", disse. O secretário, porém, não leva em conta o contingenciamento de recursos após a aprovação do orçamento por deputados e senadores. "Hoje a gente não trabalha com qualquer estimativa de corte no orçamento", afirmou.
Os programas de comercialização são acionados quando o preço de produtos fica abaixo do valor mínimo definido pelo governo, que garante a renda ao produtor.
"Esse ano já fizemos (suporte à comercialização) para o trigo, colocamos quase R$ 100 milhões para o feijão, continuamos com os programas para o milho e expandimos para borracha e a laranja", contabilizou Seneri. "Os programas vêm sendo realizados. O importante nesse momento é que a gente tenha a lei orçamentária para o ano que vem, cumprindo a promessa de mais de R$ 5 bilhões para continuar nesse processo de apoio à comercialização se houver necessidade", frisou.
Fonte: Globo Rural
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