TRIGO PR E PY: BALANÇO DE PERDAS, PREÇOS ATUAIS E FUTUROS

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PERDAS e CONDIÇÕES DAS LAVOURAS – Paraná e Paraguai

 

-Corretores e moinhos da região de Londrina nos reportaram prevalência de trigos com peso por hectolitro abaixo de 70, sendo que o moinho já devolveu cargas prometidas com ph superior e que chegaram abaixo de padrão. Há exceções (ph mais alto);

-Corretor do Oeste do estado também nos reportou que o trigo colhido até então com baixíssimo ph e cor escura, apesar de apenas 10% de sua área de influência já ter sido colhida. Não sinaliza grande chance de melhor qualidade devido à severidade das perdas;

-Corretores da região de Maringá, nos reforçaram que há trigos realmente com prevalência de baixo ph, até 58, ao mesmo tempo que há trigos com plantio mais tardio (até fora de zoneamento) que deverá ter qualidade moageira.

 -Sobre o Paraguai, um dos agentes que participou do giro de visitas ao nosso país vizinho, ouviu dizer naquele país sobre reduções de até 60%, porém nos campos visitados as perdas estariam próximas dos 20% que o governo local projetou.  Traders consultadas estimam reduções máximas de 30% no total do país;

Buscando alguma posição mais técnica sobre a questão agronômica do trigo no Paraná e Paraguai, consultamos o supervisor comercial da Biotrigo Genética, Sr. Fernando Michel Wagner, que nos reportou a seguinte situação:

“Antes das geadas em julho, é importante ressaltar que tivemos um mês de junho extremamente chuvoso, potencializando o surgimento de Giberela nas lavouras e consequentemente o aumento na porcentagem de micotoxina DON neste grão, tanto quanto o aspecto industrial do trigo, sendo também um evento considerável neste ano, principalmente nas regiões Norte e Oeste do estado.”

Sobre as perdas, o entrevistado destacou a classificação em VCU (Valor de Cultivo e Uso), na qual é baseada em regiões homogêneas quanto ao clima, relevo e altitude (Figura abaixo).

Segundo Fernando Michel Wagner, as regiões de VCU 3 (azul no MAPA) são as mais afetadas por perdas por geadas e por giberela, onde as perdas podem chegar a 60%, assim como a parte Oeste de VCU 2 (Cascavel, Toledo, etc).

Em VCU 2, região de transição e que compreende também Centro-Norte do Estado (parte verde na figura abaixo), poderemos ter a maior incidência de áreas de escape, função direta do atraso de plantio no início do ciclo nesta região. Boa dica aos originadores de trigo.

VCU 1 teria escapado das primeiras geadas, com danos entre 5 e 10%, e não sofreu com o excesso de chuvas em período crítico (floração), com menores probabilidades de perdas (Guarapuava, Tibagi, Ponta Grossa, R.M. de Curitiba). Esta região, sofre atualmente com a escassez de chuvas, fator que pode limitar o potencial produtivo de algumas lavouras.

No Paraguai, destacou que há regiões com perdas severas (60% ou mais), principalmente nas áreas de clima mais parecido com o Oeste do Paraná (Norte de Alto Paraná e Canindeyú). No entanto, assim como no Paraná, o cultivo se concentrou mais ao sul daquele país, com as regiões de Itapuá e Sul de Alto Paraná apontando perdas em torno de 20% nos clientes e campos de sementes do nosso entrevistado. 

 

PREÇOS ATUAIS

 

A formação de preços da safra nova até então não tem sido corriqueira, com boa parte dos corretores aguardando análises de qualidade  e o dólar para definição de preços. Moinho do Norte do Estado nos reportou algo em torno de R$ 870/ton posto no moinho, para um trigo com ph acima de 75.

Para o triguilho, regiões de Maringá e Londrina com preços deste trigo de baixíssimo ph a R$ 420-450/ton. Não se espera que estes preços se mantenham neste patamar, dados os baixos preços do milho e do farelo e trigo.

Corretor de Maringá imagina que pedidas atuais a R$ 1000/ton na safra nova, poderiam balizar em um primeiro momento o trigo com aptidão para moagem e maiores valores de ph, com preços de referência R$ 850/ton para trigos em torno de 75 (não são preços de negócios, somente uma impressão).

No trigo paraguaio, a definição de preços em 3 traders atuantes no Paraguay ainda não foi tomada. Produtores aguardam para saber o que tem em mãos após as geadas, para realmente formar preços, atrasando a comercialização.

Únicas referências coletadas foram: moinho do Norte do Paraná sinalizando trigo paraguaio a US$ 370 CIF moinho e um vendedor paraguaio apresentando bids de vendedor a US$ 350/ton a retirar no Paraguai, considerado alto para todos os consultados posteriores.

 

DINÂMICA FUTURA DOS PREÇOS

 

Vale a pena ressaltar que estamos vindo de um grande período de escassez de trigo, e portanto os primeiros negócios devem ser realizados apenas pouco abaixo dos preços elevados que temos hoje, mesmo com qualidade ruim ou mediana. Função direta da paridade de importação com o trigo americano e dos altos preços de farinhas de trigo alcançados.

No entanto, com o avançar da colheita, temos o acúmulo de produto nos silos, algo que força a comercialização a preços mais baixos. Até porque, os moinhos não vão se estocar de trigo em sua plenitude no início da colheita, por conta da falta de capital de giro que isso traria, e o estado atravessa um ano de excelente colheita de soja e milho.

Vale ressaltar que a porção sul do Estado do Paraná, com colheita em outubro e a própria porção sul do Paraguai terá boa oferta de trigo. Algo que afetará o mercado principalmente em novembro, quando teremos o pico da colheita gaúcha.

Início de dezembro teremos as exportações uruguaias e espera-se que no final de dezembro sejam liberadas exportações argentinas.

Diante da baixa capacidade de armazenagem para o trigo em nosso país e principalmente nos países vizinhos, diante de uma safra que suprirá a necessidade de moagem dos estados do Sul mesmo com as perdas, espera-se que a partir de outubro os preços se decresçam, para a partir de então se apoiar na paridade de importação do trigo argentino, seja lá o quanto de volume teremos daquela origem.

Preço atual de referência do trigo argentino 12% de proteína para embarque em janeiro/14 é de R$ 800/ton posto nos portos do Sudeste, ou R$ 850/ton nos moinhos, sendo que o trigo nacional teria de trabalhar abaixo deste para manter a demanda, algo que não sinaliza quedas tão firmes em relação aos R$ 1000/ton atuais, amparadas no dólar.

Fonte: AF News

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