Aconteceu na manhã desta terça feira a entrevista coletiva da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) com o balanço do ano de 2014 para a avicultura e para a suinocultura. O evento foi realizado no Hotel InterCity Address Faria Lima na cidade de São Paulo e contou com a presença de Francisco Turra, presidente executivo da associação, Ricardo Santin, Rui Vargas, vice presidentes de avicultura e suinocultura respectivamente, além do Diretor Financeiro e Administrativo José Perboyre e do diretor técnico Ariel Mendes.
Durante a entrevista que durou cerca de duas horas e meia, os diretores apresentaram os números da avicultura e da suinocultura neste ano de 2014, bem como as principais projeções para o mercado de proteína animal para o ano de 2015.
AVICULTURA – Exportações em geral
De acordo com estudos e projeções elaborados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), somados todos os segmentos exportadores da avicultura brasileira, entre carne de frango, carne de peru, ovos, carne de patos e outras aves, ovos férteis e material genético, as exportações da avicultura deverão atingir, neste ano, US$ 8,6 bilhões, o equivalente a R$ 20,11 bilhões.
Neste cenário, destaca-se o bom ritmo dos embarques de carne de frango, somados ao resultado alcançado por setores como ovos férteis e material genético.
Além disto, nestes números estão incluídos os dados referentes aos "enchidos de carnes, miudezas e suas preparações (NCM 16010000), produtos que contêm em sua preparação 90% de carne de frango e aproximadamente 10% de carne suína.
Carne de frango
Produção
A produção brasileira de carne de frango deverá atingir neste ano 12,650 milhões de toneladas, número 2,8% superior ao resultado obtido em 2013, quando foram produzidas 12,308 milhões de toneladas.
Com base neste número, a ABPA prevê que o consumo per capita por ano de carne de frango fique em torno de 43 quilos.
Conforme o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, "os números indicam uma recuperação da produção que havia caído devido às crises internacionais, se adequando à demanda do mercado".
Exportações (Jan a Nov)
As exportações brasileiras de carne de frango (considerando produtos inteiros, cortes, processados e salgados) mantiveram ritmo positivo em volumes neste ano. Entre janeiro e novembro, foram embarcadas 3,65 milhões de toneladas, resultado 2,4% superior ao acumulado nos onze primeiros meses de 2013. Já em receita, houve redução de 1%, segundo a mesma comparação, chegando a US$ 7,27 bilhões.
Considerando apenas novembro, houve redução de 5,8% nos embarques do mês, na comparação com o mesmo período do ano passado, ficando em 327,40 mil toneladas. Em receita, a queda foi de 3,2%, com total de US$ 657,15 milhões.
Os cortes foram os principais produtos embarcados entre janeiro e novembro de 2014: conforme os dados da ABPA, 2,028 milhões de toneladas foram exportadas no período, número 6,4% superior ao total obtido nos onze primeiros meses do ano passado. Segundo produto da pauta, os embarques de frangos inteiros chegaram a 1,30 milhão de toneladas no mesmo período (-3,1%). Já de produtos salgados e de processados foram exportadas 172,95 mil toneladas (+5%) e 144 mil toneladas (-0,3%), respectivamente.
Na avaliação por destino, o Oriente Médio manteve-se como principal importador de carne de frango brasileira, com 1,25 milhão de toneladas entre janeiro e novembro deste ano (-5,8% em relação ao mesmo período de 2013). Em segundo lugar, a Ásia foi responsável pelos embarques de 1,07 milhão de toneladas (+5,2%). No terceiro posto, a África importou 470,24 mil toneladas (-2,7%). Para a União Europeia – quarto maior destino – foram embarcadas 380,37 mil toneladas (-1,8%). Já para os países das Américas, as exportações totalizaram 314,90 mil toneladas (+26%). Por fim, para os países da Europa extra-União Europeia e para a Oceania foram exportadas, respectivamente, 153,56 mil toneladas (+74,7%) e 2,12 mil toneladas (+30,3%).
Mantendo-se como maior importadora de carne de frango do Brasil, a Arábia Saudita importou, neste ano, 592,28 mil toneladas entre janeiro e novembro (-6, 6%). Antecedido pela União Europeia – que importou 380, 37 mil toneladas (-1,8%) – o Japão, terceiro principal importador, foi responsável pelos embarques de 378,52 mil toneladas. Em quarto lugar, Hong Kong importou 289,32 mil toneladas (-6%). No quinto posto, as exportações para os Emirados Árabes Unidos chegaram a 233,72 mil toneladas (+3,4%).
Previsão de vendas externas em 2014
De acordo com projeções da ABPA, as exportações brasileiras de carne de frango devem registrar resultado recorde em volumes neste ano. Segundo os levantamentos, as vendas deverão fechar 2014 com total de 3,990 mil toneladas embarcadas, número 2,5% superior ao atingido em 2013.
Contribuíram para este cenário a habilitação de cinco novas plantas para exportação de carne de frango para a China – totalizando, hoje, 29 plantas habilitadas. A expansão do comércio para grandes mercados consolidados como Japão, Angola, Emirados Árabes Unidos, Filipinas e outros também foram determinantes para o crescimento dos níveis dos embarques.
Soma-se a isto a expressiva expansão do comércio para a Rússia, com níveis de embarques, nos onze primeiros meses deste ano, 159% superiores ao registrados no mesmo período de 2013. O mesmo ocorreu com a Venezuela, que registrou aumento de 35% entre janeiro e novembro.
Ovos
Produção
A produção brasileira de ovos deverá ficar em 37,25 bilhões de unidades, resultado 9,2% superior ao obtido em 2013, quando foram produzidas 34,12 bilhões de unidades.
Com este número, o Brasil chega, em 2014, ao consumo per capita de 182 unidades por ano, antes 168 unidades registradas em 2013.
Exportações (Jan a Nov)
As exportações brasileiras de ovos totalizaram, entre janeiro e novembro, 10 mil toneladas, resultado 11,8% inferior ao total obtido no mesmo período do ano anterior, com 11,4 mil toneladas. Com este volume, a receita obtida chegou a US$ 14,04 milhões, resultado 29% inferior ao total registrado nos onze primeiros meses de 2013, com US$ 19,77 milhões.
Previsão de vendas externas em 2014
Conforme as previsões da ABPA, os embarques de ovos deverão chegar a 10,92 mil toneladas em 2014, volume 11,8% inferior ao total registrado no ano passado. Em receita, a expectativa é queda de 27,8%, com US$ 15,31 milhões
SUINOCULTURA
Produção
Conforme as projeções da ABPA, o Brasil deverá produzir 3,47 milhões de toneladas de carne suína em 2014, crescendo 1,75% em relação a 3,41 milhões de toneladas em 2013. A explicação para esse pequeno crescimento remete-nos aos acontecimentos de 2012, quando a suinocultura brasileira sofreu os efeitos da escassez de milho, principal matéria-prima da ração. Os custos de produção se elevaram e, em consequência, houve redução do plantel de matrizes, que se estabilizou em 1,5 milhão de cabeças.
A boa notícia é que a suinocultura brasileira revela um viés de recuperação em 2014, graças ao aumento substancial de produtividade e à reposição de matrizes, que apressa a mudança do padrão genético.
"O aumento na produtividade significa número maior de leitões por porca. Além disso, a sanidade só vem melhorando. O resultado é que a suinocultura está equilibrada. A demanda e a oferta estão ajustadas internamente", destaca Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
O ano de 2014 foi positivo, também, pelo lado dos preços no mercado interno. Com oferta menor de carne suína, o produtor recebeu mais pelo que entregou. Na concorrência com a carne bovina, a suína levou vantagem em função de preços mais atraentes, analisa o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.
A disponibilidade, ou a oferta interna, em 2014, é estimada em 3,01 milhões de toneladas, o que indica um consumo per capita de 14,63 Kg, abaixo do potencial de consumo, que é de 15 Kg. "Como se vê, 2014 foi um ano de equilíbrio entre oferta e demanda", completa Turra.
Exportações (Jan a Nov)
Até novembro, as exportações de carne suína (97% do que é embarcado são produtos in natura – carcaça, cortes, como paleta e pernil, e miúdos) somaram 455,82 mil toneladas e receita de US$ 1,48 bilhão, queda de 5,0% no volume e aumento de 17,9% no valor, na comparação com os onze primeiros meses de 2013.
Com 172,97 mil toneladas nesse período, a Rússia liderou o ranking dos importadores da carne suína brasileira em 2014, com uma participação de 37,9%. Os russos compraram, de janeiro a novembro, US$ 766,03 milhões, uma elevação de 101,5% ante igual período de 2013.
O segundo maior mercado comprador, com 22,1% de participação, foi Hong Kong, que nos primeiros onze meses de 2014 importou 100,97 mil toneladas, variação negativa de 10,2% ante janeiro-novembro de 2013. Em receita, a queda foi de 5,8% (US$ 253,44 milhões).
Angola, com participação de 10,3%, se posicionou em terceiro lugar no ranking dos importadores, no acumulado do ano até novembro. O país africano importou 46,91 mil toneladas, crescimento de 4,1% ante igual período do ano passado. O faturamento foi de US$ 84,79 milhões, aumento de 1,2%.
Singapura foi o quarto principal mercado para as vendas de carne suína de janeiro a novembro, tendo comprado 6,6% do total embarcado. Foram 29,95 mil toneladas, crescimento de 13,6% na comparação com igual período de 2013. O faturamento ficou em US$ 88,43 milhões, uma elevação de 15,2%.
O Uruguai ocupou a quinta colocação e participou com 4,1% do total vendido pelo Brasil no período. O país sul-americano importou 18,75 mil toneladas por US$ 56,58 milhões, queda de 3,6% na comparação com o mesmo intervalo de 2013.
Previsão de vendas externas em 2014
A ABPA prevê encerrar o ano com vendas externas totais de carne suína ao redor de 505 mil toneladas, 12 mil toneladas a menos do que em 2013 (517,33 mil toneladas). O faturamento deverá se situar em torno de US$ 1,7 bilhão, em relação a US$ 1,36 bilhão no ano passado – elevação de 25%. Apesar da pequena queda em volume, a estimada receita, superior em cerca de US$ 400 milhões, deverá ser obtida com o aumento dos preços internacionais, que, no acumulado do ano até novembro, tinha sido de 24,1%. O preço médio da tonelada foi de US$ 3,25 mil no período.
A elevação dos preços se deveu à redução dos volumes de carne suína no mercado externo, em função de dois eventos sanitários: a diarreia suína epidêmica (PED) e a peste suína africana. Também contribuiu para o aumento das cotações a guinada da Rússia, que, a partir de agosto, decretou embargo à carne suína exportada pelos EUA e pela União Europeia, uma vez que esses dois parceiros se envolveram no conflito da Ucrânia e, por essa razão, têm sofrido retaliação de Moscou.
A Rússia, depois do Japão, é o segundo maior importador mundial de carne suína. O Brasil ganhou com a decisão russa, pois passou a vender mais para aquele mercado, embora os exportadores brasileiros enxerguem essa oportunidade com cautela, recomendada ainda mais pelo histórico de inconstância nas importações de carne suína brasileira por aquele país. Em vários momentos, nos últimos anos, a Rússia habilitou e desabilitou frigoríficos do Brasil.
Neste contexto, também são favoráveis as expectativas em torno da retomada dos embarques para a África do Sul, com a reabertura deste mercado, ocorrida em novembro.
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