As cidades do interior do Brasil de pacatas não têm mais nada. Pelo menos no que se refere a crescimento e consumo. Se a soma das cidades do interior do país fosse classificada como uma nação, ela seria a 13º maior do mundo, segundo uma pesquisa feita este mês pelo Instituto Data Popular, em parceria com o Sebrae. De acordo com o mesmo levantamento, o consumo da população que vive nas pequenas e médias cidades fora das regiões metropolitanas chega a R$ 900 bilhões. Números que, afirma o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, não podem ser desprezados nem pelo setor produtivo e muito menos pelo mercado publicitário.
“A pesquisa nos mostrou que estas são as cidades que mais estão crescendo. Com mais renda e com oportunidades de emprego, o consumo vem aumentando de forma significativa. Este é um bom termômetro, que mostra todas as oportunidades de negócios que empresas dos segmentos de comércio e serviços, por exemplo,podem buscar”, diz Meirelles.
O estudo mostra ainda que as cidades com população entre 50 mil e 200 mil habitantes são as que se destacam como potenciais para a entrada de grandes redes. Um dos motivos: a estabilidade no emprego.
“No interior destas cidades, o número de funcionários públicos, aposentados e pessoas que são beneficiadas por algum programa governamental de transferência de renda ainda é grande. Fora isso, há iniciativas empreendedoras nestes locais. Mas ainda falta a entrada das grandes redes varejistas e de serviços nestes locais de uma forma mais abrangente”, avalia Meirelles.
A criação de polos regionais de empresas em vários estados, principalmente no eixo do Sudeste, também é mais um incentivo para quem ainda não se convenceu de que abrir a filial de uma grande empresa no interior do estado é um bom negócio, acrescenta o executivo do Data Popular.
“Com mais empresas se instalando no interior, a migração para as capitais obviamente é menor. E com renda concentrada nestes lugares, o potencial de consumo aumenta. Por isso, hoje, as redes varejistas regionais seguem nadando de braçada, com pouca concorrência dos principais players do mercado. O que as grandes empresas devem olhar com mais profundidade não é o dinheiro, mas a demanda”, diz Meirelles.
Ele cita alguns pontos da pesquisa como sinais para que varejistas, empresas de turismo e de educação não descartem a entrada em cidades menores. A compra de uma geladeira, por exemplo, é uma das intenções de consumo de 38% das pessoas que moram em cidades do interior no Brasil. Outros 36% do total de habitantes que residem em municípios de pequeno porte querem comprar móveis para casa e 57% elegem o smartphone como um sonho de consumo a ser realizado.
“A demanda por produtos como eletrônicos e linha branca é destaque na pesquisa. Mas há outros itens que também merecem atenção. Um deles é o turismo. O desejo de viajar dentro e fora do Brasil ultrapassa os 40% nas intenções de consumo desta população. E aí entra não só a iniciativa de se ter mais agências de viagens proporcionando a compra de pacotes, como a entrada em operação do plano de aviação regional, proposto pelo governo. É visível pela pesquisa que há demanda para transporte nestas cidades”, conclui o presidente do Data Popular.
A busca por cursos profissionalizantes e pelo ensino superior também é espelhada na pesquisa, o que, para Meirelles, mostra claramente que há um campo extenso para que as universidades entrem e conquistem espaço nestas cidades.
Para Meirelles, o que a pesquisa aponta de mais importante é a redução da desigualdade, a partir do crescimento no interior. Segundo ele, este é um mercado a ser desbravado para empresas que querem se tornar genuinamente nacionais. O interior do Nordeste e do Norte do país serão destaque em breve, sentencia Meirelles.
“Estas regiões estão crescendo e, com as capitais se destacando, o interior vai junto. Basta avaliar as melhores oportunidades”, diz.
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