O Banco do Brasil e entidades do setor automotivo anunciaram nesta quarta-feira (19) um acordo que pode gerar a antecipação de crédito para a indústria automobilística de R$ 3,1 bilhões. Segundo o presidente do banco estatal, Alexandre Abreu, o protocolo celebrado hoje visa dar apoio financeiro e comercial a essa cadeia produtiva, responsável pela arrecadação de 12% dos tributos nacionais.
O anúncio, realizado na sede do BB em São Paulo, funciona como um convênio de ações de apoio e fomento ao setor automotivo e sua cadeia. Fazem parte do acordo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foram firmados protocolos de intenções entre o BB e as entidades parceiras.
Funciona assim: por um sistema desenvolvido para o convênio, o banco receberá das empresas-líderes da indústria automobilística (que podem ser montadoras ou grandes fornecedores de autopeças) uma possível programação de encomendas para um grupo de fornecedores, ao longo de um período. Com essa programação, o banco antecipará aos fornecedores os valores que seriam recebidos pelo total das entregas.
"Não é subsídio. Usaremos taxas de mercado, será lucrativo para o banco. Mas conseguimos aprimorar nossa análise de crédito para as empresas que compõem a cadeia automotiva, diminuímos os riscos", explicou Abreu.
Participaram da cerimônia os presidentes do Banco do Brasil, Alexandre Correa Abreu, o presidente do Sindipeças, Paulo Roberto Rodrigues Butori, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, e o presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Júnior, além de executivos das entidades participantes.
"Essa antecipação funciona como uma espécie de carta de crédito, elemento muito usado na exportação. O fornecedor vai com essa carta de crédito e nela tem o cliente atestando que vai comprar do fornecedor, que vai produzir. Isso dá previsibilidade e reduz riscos, como a inadimplência" , explicou o presidente do Sindipeças, Paulo Roberto Butori.
Segundo o anúncio, nessa primeira etapa, os acordos envolverão 26 empresas. A estimativa é de que o BB antecipe o montante até o fim deste ano, desta forma, os R$ 3,1 bilhões, para fornecedores estratégicos dessas empresas. O BB anunciou que esse é o primeiro setor a assinar o acordo de antecipação. A expectativa é de que, com a ampliação do acordo para outras cadeias produtivas, 500 empresas sejam envolvidas.
"Nossa expectativa é de que serão R$ 9 bilhões em antecipacao para nove setores da economia. Se banco retrai crédito, tende a agravar o problema [de demanda baixa]. Com a organização do setor, conseguimos aprimorar a margem de crédito e transferir o risco para todas as empresas que compõem a cadeia. Os riscos são muito menores.O acordo é bom para as empresas, para o banco e para o funcionário que não vai perder seu emprego", destacou Abreu, do Banco do Brasil.
Para ele, a estratégia é uma solução de mercado, escalável e lucrativo para o banco. "Ao preservar empregos ajudamos a conter inadimplência, manter trabalhadores qualificados e quem sabe estimular a demanda", avalia Abreu.
Na terça-feira (18), a Caixa Econômica Federal anunciou a liberação de R$ 5 bilhões para o setor automotivo, incluindo dinheiro próprio e recursos dos trabalhadores (FAT e FGTS). A Caixa vai oferecer condições especiais nas linhas de capital de giro e investimento, além de condições diferenciadas em linhas de crédito e outros produtos e serviços do banco, beneficiando das micro às grandes empresas. O objetivo é contribuir para a melhoria do fluxo de caixa das empresas e fornecedores do setor, auxiliando no pagamento de despesas, salários, tributos e reposição de estoques.
Segundo a Anfavea, a indústria automotiva trabalha com uma expectativa de queda de produção de 17% neste ano. "Vivemos um momento de crise, mas sabemos que o Brasil é maior que a crise, que representa apenas um momento. Esse acordo vai no sentido da preservação do ajuste macroeconômico, que nós apoiamos. A cadeia produtiva funciona como fiadora da produção, isso reduz riscos e apoia a atividade das empresas. Com o encurtamento do prazo de financiamento [antecipação do crédito] pode ajudar no estímulo à demanda", avalia Luiz Moan, presidente da Anfavea.
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