Companhias aéreas brasileiras estão na disputa pela compra da TAP

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Com o processo de privatização da companhia aérea portuguesa TAP em curso, e que deverá se concretizar até o segundo semestre deste ano, fontes do setor que acompanham de perto as informações sobre o assunto no Brasil e em Portugal, afirmam que é do interesse do governo português, principal acionista da empresa, que uma companhia brasileira assuma o comando da estatal. Segundo informações de quem acompanha a movimentação, Azul, Gol e Avianca estão no páreo, mas não estão sozinhas. A Air Europa também está na disputa. As empresas brasileiras não confirmaram se fizeram a retirada dos documentos com os dados financeiros e detalhes da privatização. A Gol informou que está sempre aberta a avaliar novas oportunidades.

“O interesse é mesmo por uma empresa brasileira à frente da TAP. Tanto por parte do governo português quanto dos executivos da aérea. Resta saber qual delas está disposta a dar continuidade ao trabalho realizado por Fernando Pinto todos estes anos e ainda assumir todos os encargos dessa decisão, as negociações com cerca de 14 sindicatos, as reivindicações de funcionários, sem contar o endividamento, que passa dos € 900 milhões. Pode não ser um bom negócio, ainda que a companhia tenha muitos voos saindo para o Brasil”, afirma um especialista do setor.

Já um outro analista do mercado comenta que a aquisição da TAP tem vantagens e desvantagens.

Segundo a fonte, na primeira tentativa de privatização da TAP, em 2013, a Azul Linhas Aéreas chegou a ter seus executivos convocados para uma reunião no Palácio do Planalto. O pedido, na época, era para que avaliassem a formalização de uma proposta pela estatal portuguesa.

“Era do interesse do governo brasileiro que a TAP ficasse nas mãos de uma companhia daqui. No entanto, a sugestão nunca foi adiante por parte da Azul ”, explica o analista, acrescentando que, no entanto, com o início das operações para os Estados Unidos e ainda iniciando seu processo de IPO, o que pode de fato interessar a Azul seria a empresa de manutenção da TAP. “Hoje, a Azul é cliente da TAP nos serviços de manutenção. A aquisição deste braço da estatal faria todo o sentido para a Azul, que ganharia mais uma unidade de negócios que pode ser rentável para ela”, completa a fonte.

Interessada mesmo estaria a Avianca, do empresário German Efromovich, que chegou perto de levar a TAP no final de 2013. A informação oficial seria de que em pleno mês de dezembro e com prazos apertados, a empresa de Efromovich não conseguiu tempo suficiente para apresentar as garantias bancárias. Mas os bastidores teriam um contorno diferente, afirma outra fonte. 

“Na verdade o governo português não quis. As garantias existiam. Mas é certo que a Avianca vai voltar à carga. Ainda que o endividamento seja alto”, afirma a fonte. 

A Gol, outra que estaria na disputa pela TAP, poderia ser o que um especialista do setor denominou de ‘fachada’ para que uma de suas acionistas, a Air France, aumentasse sua participação não necessariamente na Europa, mas no mercado brasileiro.

“O interesse poderia estar nesse ponto. A malha da TAP na Europa não vale um tostão furado. Mas a empresa tem fortes conexões no Brasil. A região Nordeste é a principal porta de entrada da TAP no país. E a aérea fez um trabalho muito bom de levar brasileiros para Portugal e, de lá, para outros lugares na Europa. A TAP fez em Lisboa o que a Azul fez em Campinas e seu grande negócio é o mercado brasileiro. E isso seria bom para a Air France, que não foi adiante na compra da Alitália. Obviamente, é bom também para a Gol, que se beneficiaria desse fluxo para alimentar seus voos dentro do Brasil”, completa a fonte.

A TAP EM NÚMEROS

■ Com uma taxa de ocupação de 80,1%, companhia aérea portuguesa transportou mais de 11 milhões de passageiros em 2014. Pela primeira vez na sua história ela supera média de 4,5% de crescimento do tráfego transportado pelas companhias da AEA (Association of European Airlines)

■ A empresa opera, em média, cerca de 2.500 voos por semana e tem uma frota de 61 aeronaves Airbus. Em 2014, lançou 11 novos destinos na Europa e América Latina. A rede da TAP é líder na operação entre a Europa e o Brasil e, no total, cobre 88 destinos em 38 países

■ A TAP fechou o ano de 2014 com receita de € 2,4 bilhões e a dívida líquida era de € 842 milhões. O lucro informado pela aérea portuguesa — que divulgará seu próximo resultado financeiro em março deste ano — tinha sido de € 34 milhões

 

 

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