Vinhos do Brasil – Parte II – Serra do Sudeste

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A Serra do Sudeste, com cerca de 30 municípios, é praticamente equidistante de outras duas regiões vitivinícolas, a Serra Gaúcha ao norte e a região da Campanha ao sul. Os principais nomes da viticultura são Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado e Candiota (esta, mesmo próxima a Bagé é considerada como pertencente à Serra do Sudeste e não Campanha).
 
O marco histórico com os estudos de zoneamento (que estabelecem o perfil do terroir e sua vocação viticultural) se deu nos anos 70, através do Instituto de Pesquisas Agrícolas-RS, seguido da implantação de vinhedos pela Cia. Vinícola Riograndense na década de 80.
 
Reconhecida sua natural vocação para o plantio de uvas viníferas nos anos 90, esta sub-região se tornou um polo experimental, hoje contando com 44 cultivares diferentes e teve nos anos 2000 sua efetiva "brotação" (para usar um termo vitícola), pioneirismo creditado a Lídio Carraro, produtor da Serra Gaúcha, da vinícola homônima (detentora do vinho oficial da Copa do Mundo, realizada no Brasil em 2014).
 
Hoje em dia, podemos destacar o investimento local de vinícolas como Casa Valduga, Angheben, Lídio Carraro, Chandon do Brasil e Cooperativa Aliança. A Miolo, com a chegada de novos investidores, estabeleceu parceria com a Bueno Bellavista Estate, em Candiota (porém não estranhem a confusão que se estabelece entre a própria vinícola que se coloca na Campanha Gaúcha e o IBGE, que mapeia a cidade de Candiota como pertencente a Serra do Sudeste!). O que vale é o que se versa nas taças.
 
A Serra do Sudeste se transformou, pouco a pouco, numa área de plantio que abastecia com uvas as vinícolas de outras regiões, sobretudo a Serra Gaúcha, sendo portanto mais uma região vitícola do que vinícola. A única que elabora seus vinhos em Encruzilhada do Sul é a Bodega Czarnobay, fundada em 2012, e a Terrasul, em Pinheiro Machado.
 
As uvas que melhor se adaptaram lá foram as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo, mas merecem destaque os esforços feitos com Tannat, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Ancelotta. Entre as castas brancas, citaria a Chardonnay, a Sauvignon e Pinot Gris (ou Pinot Grigio).
Do ponto de vista da noção de terroir, esta sub-região possui solos de origem granítica e sedimentar, com presença de calcário e pobre em elementos orgânicos, lembrando que as boas videiras dão em todo o mundo da vitivinicultura, os melhores frutos em condições naturalmente difíceis. 
 
O clima, subtropical, é moderado, de verões quentes e secos, com temperaturas diurnas ligeiramente mais quentes e noites ligeiramente mais frias que a Serra Gaúcha. O inverno é frio e úmido, sujeito a geadas e como um todo, as precipitações são similares às de todo o estado do Rio Grande do Sul (exceto a Campanha, menos úmida).
 
O resultado na taça pode ser descrito como tintos e brancos frutados, algumas vezes com notas aromáticas de frutas secas (como tâmaras), além de tropicais (lichias, guabiroba) ou as frutas silvestres (mirtilos, framboesas).
Trata-se portanto de uma região ainda em sua fase inicial de florescimento que deve ao longo dos anos, com muitos estudos e provas, chegar a um caráter próprio de identidade, talvez num futuro próximo o "Vinho das Coxilhas", tal como os norte-americanos têm seus "Benchlands WInes" e os franceses seus "Vins de Rivière"! Saúde!
 
Fonte: André Logaldi

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