No início de 2013, o Grêmio iniciou uma expansão inédita nas categorias de base. Com olheiros espalhados pelo mundo, o time passou a 'garimpar' talentos em outros países para os times inferiores. Muitos passaram por testes e os aprovados foram contratados. Mas, pouco mais de um ano depois, nenhum jogador deste projeto foi mantido no profissional. A falta de adaptação dos gringos põe em xeque a internacionalização dos times de base do Tricolor.
A primeira 'leva' de estrangeiros aprovados nos testes da base do Grêmio colocou nos times inferiores: Claudio Gaona, Robertino Canavésio, Nicolás Minutella e Lucas Romano. Do quarteto, todos argentinos, os três primeiros chegaram a disputar jogos pelos times inferiores do Tricolor, e o último foi, logo de cara, emprestado ao Juventude.
Nenhum deu certo. Os problemas sempre ficaram por conta da adaptação ao país. As saídas ocorreram pouco a pouco. Minutella foi o primeiro. Voltou para o All Boys, da Argentina. Em seguida, o clube rescindiu contrato com Gaona, que foi descoberto em um projeto social, mas não conseguiu se adaptar ao futebol brasileiro. Romano, tão logo voltou do Ju, teve também vínculo rescindido. E Canavésio, que segue com contrato em vigência até maio do ano que vem, foi emprestado ao Sarmiento, clube de sua formação.
O zagueiro era quem despertava maior expectativa. O jogador chegou a ser aprovado em testes no Parma, da Itália, mas não ficou por conta de problemas de limite de não-comunitários. Sempre foi citado como um jogador de muita qualidade. No começo deste ano, porém, teve chance no elenco de cima, chegou a disputar partidas do Gauchão com a equipe B, mas não chamou atenção. Afastado do elenco, regressou à Argentina. Lá, disputa a Série B local, tem 17 jogos e 1 gol.
"Ele [Canavesio] é muito forte, tem 1,88 de altura. É ambidestro e tem muita qualidade", disse Júnior Chávare, diretor da base do Grêmio na época da contratação dos jogadores, que se transferiu recentemente para o São Paulo.
Não foram apenas estes casos. O Grêmio testou um atleta natural de Gana, Seieah Félix, e o peruano Alex Succar, ambos de 18 anos. Nenhum deles ficou.
E o projeto pode, agora, caminhar mais lentamente. Mesmo que recentemente tenha chegado à base gremista o sul-africano Tyroane Sandows, vindo do São Paulo, a saída do diretor da base, Júnior Chávare, indica possível alteração no paradigma. Chávare foi olheiro da Juventus, da Itália, e era peça chave na prospecção de talentos fora do país.
Mas a direção gremista descarta que a internacionalização tenha fim. Em entrevista ao UOL Esporte no início do mês, o diretor executivo do futebol profissional, Rui Costa, garantiu que há parcerias firmadas e para serem finalizadas fora do Brasil.
"É mais comum do que se possa imaginar. É difícil fazer convênio com um clube de ponta da Espanha, por exemplo, porque eles não têm interesse. Mas hoje temos mercados em ebulição, como Bélgica e Suíça. Os jogadores vão lá, viram comunitários, se tornam peças importantes, você tem os clubes estruturados, dinheiro, equilíbrio… Não é de se descartar parcerias na Europa. Temos projetos para isso. Mas sem perder de vista as coisas regionais. Não adianta pensar lá na frente e perder os jogadores gaúchos de vista", salientou Rui.
O Grêmio oferece aos jovens toda estrutura necessária no país. Acompanhamento psicológico, moradia, escola e presença da família sempre que possível. No entanto, ainda não obteve sucesso na adaptação dos jovens 'garimpados' pelos times inferiores.
A procura pelo 'novo Messi' foi base da campanha de Fábio Koff quando eleito presidente do clube. E o mandatário deixa o comando no fim deste ano. Aparentemente sem ter encontrado o sucessor do craque do Barcelona.
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