Capacidade de fabricação cresce, mas produção cai

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Das atuais 19.308 empresas do se¬tor moveleiro no País (293.817 co¬laboradores), 99,5% delas são mi¬cro, pequenas e médias. Embora ainda não haja dados consolidados do ranking mundial de produção de 2014, há cinco anos o Brasil ocupa a quinta colocação (com 3,7% do total produzido), ficando atrás da Itália (4,4%), Alemanha (4,9%), Estados Unidos (10%) e China (40,7%). E a expectativa do IEMI – Inteligência de Mercado, responsável pelo levantamento dos números, é que permaneça na posição, apesar de dados preliminares apontarem para que, pela primeira vez, a fabricação (excluindo colchões) registra queda ante o ano anterior, de 2,8%, totalizando 463 milhões de peças acabadas em 2014. O valor da produção, porém, cresceu 1,4%, para R$ 36,5 bilhões.

“Desde que nós começamos a estudar o setor de móveis no Brasil, em 2006, é a primeira vez que vemos recuo na produção. Copa do Mundo e eleições contribuíram para o resultado, agravado pelo quadro de desaquecimento do consumo devido ao fim do período de dois anos de incentivo fiscal, com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e restrições ao crédito, o que atrapalhou o consumo de bens duráveis”, afirma o diretor do IEMI Marcelo Prado. “Ao mesmo tempo, houve crescimento dos investimentos anuais no segmento, que dobraram em cinco anos. Apesar da grande capacidade para produzir, a demanda retraiu, o que gerou desequilíbrio e sobreoferta no mercado. Como as micro, pequenas e médias têm menos força, elas foram as mais afetadas, diferentemente das grandes, que podem investir em novos canais de distribuição, ampliar produção regional ou, ainda, lançar produtos.”

Para 2015, a expectativa do IEMI é de ano com crescimento tímido, com alta de 2,7% no total produzido e 0,5% no varejo – no ano passado, dados apontam para incremento de 3% nos volumes. Sem descontar a inflação, os gastos do consumidor com móveis alcançaram R$ 63,8bilhões em 2014 – alta de 10,2% ante 2013, e devem chegar a R$ 64 bilhões neste ano.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindimóveis), Henrique Tecchio, afirma que um dos entraves para a produção moveleira no cenário atual, além da de-manda menor, são os custos de fabricação. “Tivemos aumento de 40% nos gastos com energia elétrica em nosso setor. Sem contar a mudança nas regras da desoneração da folha tributária (em vigor desde 2011). O segmento emprega muita mão de obra, e isso vai ampliar as despesas”, diz, referindo-se ao aumento do imposto, a partir de junho, de 1% para 2,5% sobre a receita bruta (ou, as que preferirem, tem a possibilidade de retomar a contribuição tradicional de 20% de INSS sobre o valor dos salários dos funcionários).

A Associação Brasileira das In¬dústrias de Mobiliário (Abimóvel) aponta que possui diálogo aberto com o governo federal e que, neste momento, voltou a procurá-lo na tentativa de retomar o antigo patamar de negociação, marcado pela redução do IPI e pela desoneração da folha. “Compreendemos a conjuntura atual vivida pelo País, porém, o setor precisa avançar no desenvolvimento industrial, na prospecção de mercados, na inclusão e na geração de empregos, e precisamos da ajuda da União”, afirma a diretora executiva da entidade, Cândida Cervieri.

Para superar as dificuldades, as pequenas devem, na opinião de Prado, se diferenciar das grandes. “Em vez de oferecer móveis para todos os ambientes e para diferentes classes sociais, o pequeno empresário deve focar em um nicho mais rentável para se aprofundar mais nesse segmento. E apostar em novos materiais. Nem que isso signifique, num primeiro momento, diminuir o tamanho da empresa e do portfólio de produtos.”

Troca de informações

Composto por cerca de 30 micros, pequenas e médias empresas da Grande São Paulo, o Núcleo Moveleiro Paulista é um Arranjo Produtivo Local, que promove, durante seus encontros, troca de informações a respeito de inovação, metodologias e novidades vistas em feiras do setor. “Não somos concorrentes diretos. Tem espaço para todos. O diferencial competitivo está naquilo que é menos copiável”, avalia o coordenador do núcleo, Alessandro de Grandi. “Já compramos software em conjunto para barganhar desconto e contratamos consultoria e cursos de capacitação para todos, a fim de ratear os custos. Sem contar que, se um dos integrantes pega uma encomenda grande e com curto prazo, trabalhamos com a cooperação de outros. Amadurecemos e evoluímos juntos.”

“Tivemos aumento de 40% nos gastos com energia elétrica. Sem contar a mudança nas regras da desoneração da folha tributária. O setor emprega muita mão de obra, e as despesas ampliarão”

Henrique Tecchio 
Presidente do Sindimóveis

“Desde que nós começamos a estudar o setor de móveis no Brasil, em 2006, é a primeira vez que vemos recuo na produção. Contribuiu o fim de dois anos de incentivo fiscal”

Marcelo Prado 
Diretor do IEMI

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